Brasil

Com aumento do preço da carne, caminhões carregados são alvo do crime organizado

Há pouco mais de uma semana, o vigilante Carlos Henrique Menoio de Carvalho, de 40 anos, foi morto durante uma tentativa de assalto a um caminhão no Rio de Janeiro. O crime aconteceu durante a madrugada, na Rodovia Presidente Dutra (BR-116), na altura do km 164, em Jardim América. 

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os bandidos interceptaram o caminhão para roubar a carga. Houve confronto entre os criminosos e os responsáveis pela escolta do veículo. O vigilante foi baleado e não resistiu aos ferimentos. Os criminosos fizeram cerca de 20 disparos, sendo que um deles atingiu o pescoço de Menoio, quando ele corria pelo acostamento da Dutra. O alvo dos bandidos: uma carga de carne.

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No último mês, secretarias de 11 Estados e do Distrito Federal registraram 23 ocorrências de roubos de carne bovina. Algumas tiveram relação com roubo de gado vivo, direto do pasto, mas foram casos isolados. 

De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Segurança Privada (Contrasp), a situação de violência contra as transportadoras e frigoríficos colocou as empresas do setor de carnes diante de uma situação inédita: caminhões têm saído para a estrada acompanhados de escolta armada (o que aumenta ainda mais o custo do produto).

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O presidente da Contrasp, João Soares, afirma que as quadrilhas que têm roubado caminhões de carne são as mesmas que atuavam em ataque a empresas de transporte de valores. Ele explica, com base em relatórios policiais, que os bandidos têm empregado as mesmas técnicas e lançado mão de armamentos pesados. No caso da morte do vigilante no Rio de Janeiro, o bando estava em dois carros, armado com fuzis calibre 556, para roubar a carga avaliada em R$ 1 milhão.

Com décadas de experiência no setor de segurança, Soares afirma que a escolta de cargas de carne em rodovias é uma demanda nova para o setor. A Contrasp estima que os roubos a caminhões de carne já supera o número de assaltos a carro-forte no País, apesar de ainda não ter os dados detalhados do mês dos crimes na área de valores.

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“O crime organizado sempre dá um passo à frente. Sempre está se renovando. Como a carne subiu demais, agora as empresas estão contratando escolta porque não querem ter prejuízo. Os frigoríficos resolveram contratar escolta. É uma modalidade nova, desconhecida inclusive por nós, da área de segurança privada”, afirma.  

O representante dos vigilantes diz que os serviços de escolta para transporte de carne têm sido contratados para viagens mais longas, geralmente para o interior do País. Nas estradas sem policiamento, segundo ele, as ações dos bandidos costumam ser mais ousadas.

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No último domingo, 12, policiais militares do 10.º Batalhão do Distrito Federal localizaram um caminhão que tinha sido roubado em Goiás e recuperaram 16 toneladas de carne bovina. O carregamento, transportado num caminhão menor, era avaliado em R$ 300 mil. Um casal foi detido no setor industrial de Ceilândia, no Distrito Federal.

O caminhão saiu de Tocantins e tinha como destino o Rio Janeiro. Por volta das 23h de sábado, 11, o veículo sumiu do radar antes de passar por Goiânia e só voltou a ser rastreado pela empresa de monitoramento nas proximidades de Brasília. Profissionais de segurança da transportadora foram até o 10.º Batalhão e solicitaram o apoio dos policiais militares.

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Devido ao tempo em que ficou sem refrigeração, parte da carga recuperada não servia mais para consumo e foi incinerada. O motorista do caminhão foi deixado pelos bandidos em Cristalina, no interior de Goiás.  

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado de Goiás (Sindicarne), Leandro Stival, temendo os assaltos, os frigoríficos têm investido na contratação de sistemas de rastreamento e de empresas de seguro. “Isso aumenta o custo de frete, que acaba sendo repassado para o consumidor. Além disso, tendo que pagar um seguro mais alto, isso desestimula o frigorífico a vender para Estados onde ocorrem mais assaltos, como Rio de Janeiro e São Paulo”, diz. 

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Stival representa 43 empresas no Estado de Goiás. Segundo ele, os caminhões não saem escoltados do Estado de origem, mas começam a receber segurança armada quando adentram algumas regiões do Sudeste. “As empresas de escolta e rastreamento sabem o lugar em que o caminhão deve parar. E sabem o ponto em que o caminhão deve começar a receber a escolta, pois tem alto índice de roubo.”

Para o representante dos vigilantes, o maior desafio do poder público é garantir a segurança dos profissionais da escolta. Ele teme que, com o preço da carne voltando a subir, os carregamentos da proteína fiquem ainda mais atrativos para os assaltantes.

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“Sempre que sobe o preço dos produtos, há essa necessidade de contratar escoltas, pois acontecem roubos e mortes. A gente só não imaginava que fosse acontecer com a carne. A situação está fugindo do controle do Estado. É o crime organizado tomando conta de todos os setores. Quem imaginava que o crime organizado ia para o setor de carnes?” / Agência Brasil

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