Filho do fundador das Casas Bahia, o empresário Saul Klein, de 68 anos, foi indiciado, nesta última quinta-feira (27), pela Policia Civil de São Paulo (PC-SP), por oito crimes sexuais.
A delegada-titular de Defesa da Mulher de Barueri, Priscila Camargo Campos Gonçalves, e o delegado-assistente Leonardo Rocha Vieira, responsáveis pelas investigações, pediram em um inquérito de 90 páginas a prisão preventiva do empresário e mais 9 pessoas.
Veja os crimes:
- Organização criminosa: por integrar e financiar a organização criminosa na posição de comando – Klein e outras 12 pessoas investigadas;
- Redução análoga à escravidão: submeter pessoa à jornada exaustiva de trabalho – Klein e outras 4 pessoas investigadas;
- Tráfico de pessoas: aliciar e transportar mulheres para fins de exploração sexual e/ou redução à condição análoga de escravo – Klein e outras 9 pessoas investigadas;
- Estupro: praticar com violência física ou sexual atos de conjução carnal ou libidinoso diversos – Klein e outras quatro pessoas investigadas;
- Estupro de vulnerável: praticar atos de conjunção carnal ou libidinosos diversos com vítimas impossibilitadas de oferecer residência – Klein e outras 2 pessoas investigadas;
- Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável: dificultar ou impedir a prostituição de adolescente – Klein e mais 2 pessoas investigadas;
- Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual: dificultar ou impedir a prostituição – Klein e outras 3 pessoas investigadas;
- Casa de prostituição: manter estabelecimento próprio em que ocorria exploração sexual – Klein e mais 1 pessoa investigada;
- Falsificação de documento público: falsificar em parte documento público – 2 pessoas investigadas;
Foram ouvidas 20 vítimas. Uma delas foi apontada diversas vezes como integrante da organização por várias mulheres e teve sua prisão requerida. Elas relataram que foram contratadas para realizar presenças vip, atuarem como modelos ou panfletadoras.
Mas, de acordo com a polícia, eram segregadas em imóveis de Klein e submetidas a manter relações sexuais com ele.
“Às vezes de forma não desejada e mediante violências físicas ou psicológicas feitas pelos coautores e demais integrantes da organização, às vezes após intenso uso de bebidas alcoólicas e/ou remédios”, aponta o inquérito.
A remuneração das vítimas era em média de R$ 1 mil até R$ 3 mil por fim de semana. Outras vantagens eram oferecidas diretamente ou indiretamente, caso elas desejassem sair do falso emprego.
A organização criminosa funcionava em quatro núcleos que eram subordinados a Klein, sendo eles:
- Aliciamento e seleção;
- Falsificação de documentos;
- Segurança e logística interna, interestadual e administrativa;
- Médico.
De acordo com a Polícia Civil, os crimes praticados sob o comando do empresário “restaram demonstrados pelos diversos depoimentos de inúmeras vítimas que relataram, com detalhes, os meios e modos de operação da empreitada ilícita, bem como pelas diligências em campo realizadas pela polícia judiciária e declarações de alguns envolvidos nas atividades”
Em nota, Saul Klein “reafirma que nunca cometeu crime algum” e declara que o indicamento “reafirma que nunca cometeu crime algum”.
“Saul e sua Defesa Técnica respeitam o posicionamento da Delegada Titular da Delegacia de Defesa da Mulher de Barueri mas entendem que a análise atenta e isenta dos elementos colhidos na investigação levará o Ministério Público e o Judiciário a concluírem por sua inocência”, escreve a defesa do empresário.
Sobre os indícios de autoria, as condutas narradas continuam acontecendo em imóveis de Klein, com sua presença e de vítimas, nas cidades de Boituva, no interior paulista, e em Alphaville, na cidade de Barueri, na Região Metropolitana. Junto, estariam duas pessoas, uma responsável pelo aliciamento e outro pelo atendimento médico.
As residências são “de difícil acesso e cercadas por seguranças armados”.
“Imóveis estes cercados de muros altos, portaria, câmeras de vigilância e todo um aparato de segurança que impede a visualização interna e, ao mesmo tempo, obsta que as mulheres que estão dentro do SPA [Boituva] e na mansão [Alphaville] possam livremente circular e sair destes locais quando desejarem”, relatam os delegados.
“Todavia, alguns indícios apontam a continuidade das condutas descritas acima, notadamente a entrada e saída frenética de pessoas dos referidos imóveis, às centenas, inclusive médicos, o que pode indicar, dentro do quadro probatório, a permanência da empresa criminosa”, continuam.
As autoridades também justificam o pedido de prisão preventiva por esses fatores relatados e para evitar que Klein continue a exercer uma posição de comando sobre seus funcionários de confiança.
Confira a nota da defesa de Saul Klein
“Saul Klein reafirma que nunca cometeu crime algum. O indiciamento divulgado hoje é um ato discricionário da Autoridade Policial que não vincula os demais atores processuais.
Saul e sua Defesa Técnica respeitam o posicionamento da Delegada Titular da Delegacia de Defesa da Mulher de Barueri mas entendem que a análise atenta e isenta dos elementos colhidos na investigação levará o Ministério Público e o Judiciário a concluírem por sua inocência.
Atenciosamente,
André Boiani e Azevedo”