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O calendário de paralisações pontuais e progressivas dos delegados da Polícia Federal (PF) deve começar a ser executado no próximo dia 12 deste mês de maio, uma quinta-feira.
A data ainda não está fechada, mas Luciano Leiro, presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) disse ao UOL que “possivelmente” o dia será esse.
“Essa e outras ações são respostas ao tratamento de desvalorização que os policiais federais têm recebido do governo federal desde o início e culminam com o descumprimento, por parte do presidente da República, da promessa de promover reestruturação das carreiras policiais da União”, explicou Leiro.
A decisão de fazer paralisações foi aprovada em assembleia extraordinária da ADPF, há três dias atrás, mas sem data fixada. Na ocasião também foi aprovado o pedido de renúncia do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, que é delegado da PF, por “desprestígio e desrespeitoso tratamento dado pelo presidente da República à Polícia Federal e ao próprio ministro”.
O presidente da associação dos delegados diz que a classe sempre cobrou uma ação concreta por parte do governo em reconhecimento ao trabalho e sacrifício das forças de segurança, o que, segundo ele, nunca aconteceu.
“Na maior parte das vezes, um policial que morre em serviço deixa a família desamparada, sem pensão integral. Além disso, hoje contribuímos mais para a Previdência do que antes”, argumenta Leiro.
“Os policiais federais convivem com regimes longos de sobreaviso sem qualquer compensação, sem seguro de saúde e sem apoio psicológico. Ademais, quando saem em missão, são obrigados a bancar do próprio dinheiro sua alimentação e estadia, uma vez que o valor da diária não é suficiente para o mínimo”.
O representante dos delegados diz que em vários estados os policiais civis ganham mais que os federais: “Por isso dizemos que a bandeira de defesa da segurança pública do presidente não se mostra uma realidade. Pelo contrário. só tivemos perdas. Isso é muito ruim para o trabalho da polícia, para o combate à corrupção”.
Sobre as denúncias de aparelhamento e manipulação da PF, como no caso recente em que o governo federal barrou a troca do superintendente de Alagoas, o presidente da ADPF diz que a entidade sempre defendeu que essas desconfianças só serão erradicadas quando a PF tiver mandato para o diretor-geral, com lista tríplice, além de autonomia administrativa para que defina os cargos de comando.
“Não é possível, por exemplo, termos quatro diretores-gerais num mesmo governo. Isso atrapalha a atuação da PF. É uma quebra de continuidade que só fortalece a criminalidade, inclusive a corrupção”, critica ele.