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A Justiça de São Paulo condenou o perito do Instituto de Criminalística (IC) Hélio Rodrigues Ramaciotti a três anos de prisão por falsa perícia e outras irregularidades no trabalho de elaboração do laudo sobre a queda do helicóptero que matou Thomaz Rodrigues Alckmin, filho do então governador paulista Geraldo Alckmin. A informação é do G1.
Além do filho do Geraldo Alckmin, outras quatro pessoas também morreram na queda do helicóptero em 2015. O helicóptero da empresa Seripatri caiu sobre uma casa em Carapicuíba, em 2015. Além do caçula de Alckmin, morreram o piloto Carlos Haroldo Isquerdo Gonçalves, de 53 anos, e os mecânicos Paulo Henrique Moraes, de 42 anos, Erick Martinho, de 36 anos, e Leandro Souza, de 34 anos.
Na denúncia feita pelo Ministério Público, os procuradores dizem que o perito fez diversas afirmações falsas no inquérito policial. De acordo com a decisão, Hélio Rodrigues Ramaciotti poderá responder em liberdade.
A pena de prisão foi convertida na prestação de serviços à comunidade e no pagamento de um salário mínimo (R$ 1.320) a uma entidade pública ou privada com destinação social.
A denúncia contra o perito foi apresentada em 2018 pela promotora Camila Moura e Silva à 1ª Vara Criminal de Carapicuíba, na Grande São Paulo.
No documento, ela apontou os seguintes erros:
- O perito disse que um painel de chaves do helicóptero não estava danificado e tinha as chaves em posições adequadas, mas fotos na denúncia mostram que isso não é verdade;
- Ele disse também que o helicóptero tinha um certificado diferente ao que realmente tinha. “Dentro das hipóteses para a queda que estavam sendo abordadas naquele momento fazia toda a diferença atestar se a aeronave tinha certificado FAR 27 ou 29”, diz a denúncia;
- Em seu lado, Hélio Rodrigues Ramaciotti escreve que teve contato com uma aeronave que era a versão militar do helicóptero que se acidentou, mas, segundo a promotora, na verdade, se tratava de versão de outro modelo;
- Perito usou informações sobre exames das quais não participou ou realizou, como análise de combustível e fluído hidráulico. “Comparando seu laudo com o da aeronáutica, percebeu-se que se tratava de cópia integral”, disse a promotora.
A Aeronáutica já havia divulgado nota, em junho de 2015, em que apontava que a causa da queda havia sido um problema com os componentes.
Em 2017, o relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), vinculado à Aeronáutica, confirmou que componentes da aeronave estavam desconectados.
Segundo o relatório, os controles flexíveis (ball type) e alavancas (bellcranck), fundamentais para o piloto controlar a aeronave em voo, estavam desconectados antes da decolagem. Uma das hipóteses é que o mecânico a bordo tenha se distraído, sem perceber a intercorrência.
A empresa Helipark, proprietária do helicóptero, havia se pronunciado quando o primeiro relatório foi anunciado, dizendo que a hipótese de o helicóptero ter decolado com os componentes desconectados é absurda. “Equivalente a imaginar-se dirigir um automóvel com a barra de direção solta. Tratando-se de um helicóptero, o mero acionamento dos motores provocaria o tombamento lateral da aeronave ainda na pista”.