Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.
Durante sua participação na abertura da 26ª edição do Foro de São Paulo, em Brasília, o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou seu reconhecimento aos líderes políticos Fidel Castro e Hugo Chávez, ao mesmo tempo em que revelou sentir orgulho de ser rotulado como comunista. Ele também ressaltou a importância de manter as críticas a partidos de esquerda no âmbito privado, “entre amigos”.
Lula reuniu com partidos de esquerda da América Latina. Na ocasião, ele enfatizou que a direita no Brasil vai contra os valores da linha progressista. Além disso, Lula declarou que não se sente ofendido em ser chamado de “comunista”.
“Aqui no Brasil, nós enfrentamos o discurso do costume, o discurso da família, o discurso do patriotismo. Ou seja, aqui nós enfrentamos o discurso que a gente aprendeu a historicamente combater”, disse Lula. “Eles nos acusam de comunistas achando que nós ficamos ofendidos com isso. Nós não ficamos ofendidos. Nós ficaríamos ofendidos se nos chamassem de nazista, de fascista, de terrorista. Mas de comunista, de socialista, nunca. Isso não nos ofende. Isso nos orgulha muitas vezes”, prosseguiu.
Lula cobrou união entre os partidos de esquerda da América Latina e reclamou de disputas dentro de movimentos aliados.
“Nós precisamos tentar discutir os nossos erros para que possamos corrigi-los. Mas eu não acho, companheira Gleisi [Hoffmann], que a gente, entre a esquerda, possa um ficar fazendo crítica ao outro”, disse.
“Muitas vezes nós, na esquerda latino-americana, nos destruímos porque usamos nossos adversários, os meios de comunicação para falar mal de nós, para tentar nos destruir, para mostrar nossos defeitos, porque as virtudes nunca são mostradas”, disse.
Segundo o petista, essa estratégia foi ensinada pelo ditador cubano Fidel Castro. “É por isso que aprendi ao longo da minha vida a respeitar o companheiro Fidel Castro. Em toda relação que tive ele nunca deixou de fazer a crítica pessoalmente e não deixou de elogiar publicamente”, disse o petista.
A última edição do Foro de São Pauli ocorreu em Caracas , capital da Venezuela, em 2019.
A primeira conferência do Foro de São Paulo ocorreu de 2 a 4 de julho de 1990, no hotel Danúbio, localizado no centro de São Paulo. Segundo o historiador e ex-secretário executivo do FSP, Valter Pomar, a iniciativa surgiu a partir de uma conversa entre Fidel Castro Ruiz, então primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba, e Luiz Inácio Lula da Silva, líder do Partido dos Trabalhadores, durante uma visita de Lula a Cuba.
Denominado como “Encontro de Partidos e Organizações de Esquerda da América Latina e do Caribe”, esse evento teve como pauta inicial questões importantes para a esquerda, como a oposição ao imperialismo e neoliberalismo, que cresceram na América Latina durante a Guerra Fria e após a queda do Muro de Berlim em 1989. O nome oficial, “Foro de São Paulo”, foi estabelecido somente na segunda edição do evento, na Cidade do México, em 1991. Desde então, as forças políticas que fazem parte do FSP reuniram-se em 24 ocasiões em diversos países, buscando uma “América Latina livre, justa e soberana”, conforme registrado em 4 de julho de 1990.