Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.
Em entrevista à revista Crusoé divulgada nesta sexta-feira (28), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou ter sido persuadido a dar um golpe de Estado após as eleições de 2022. Ele esclareceu que, embora algumas pessoas pudessem ter pensado nisso e feito comentários, ninguém tentou efetivamente convencê-lo a tomar tal atitude.
“Dar um golpe é a coisa mais fácil que tem. O duro é o day after, o dia seguinte. Como é que o mundo vai se relacionar conosco? Temos experiência de países que tomaram medidas de força e as consequências são péssimas. Você não vê uma ação minha fora das quatro linhas.”, disse o ex-presidente ao veículo.
Após ter sido condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e econômico em decorrência de uma reunião com embaixadores estrangeiros no ano passado, Bolsonaro ficou inelegível até 2030. Sobre sua elegibilidade futura, o ex-presidente afirmou que é cedo para discutir o cenário de 2026, mas enfatizou sua determinação: “Só estou morto quando estiver enterrado”.
Bolsonaro disse que ficou “revoltado” quando não conseguiu nomear o ex-delegado da Polícia Federal (PF) Alexandre Ramagem para a diretoria da corporação, em abril de 2020. Ramagem é amigo da família Bolsonaro e integrou a escolta do ex-presidente durante a campanha eleitoral de 2018.
Em 2019, Ramagem foi indicado por Bolsonaro para assumir a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele assumiu a agência em novembro daquele ano e deixou o cargo em 2022 para concorrer ao cargo de deputado federal pelo Rio de Janeiro.
Em 2020, Bolsonaro tentou nomear Ramagem para a diretoria-geral da PF. No entanto, a nomeação foi suspensa pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. De Moraes alegou que a nomeação de Ramagem seria um ato de interferência no comando da PF.
A nomeação de Ramagem para a PF surgiu depois que Bolsonaro demitiu Maurício Valeixo do cargo. Valeixo havia sido escolhido por Sérgio Moro e sua demissão foi um dos motivos que levaram o agora senador a deixar o cargo de ministro da Justiça. Na época, Moro acusou o ex-presidente de tentar interferir no comando da PF.
“Na minha intimidade, eu fiquei revoltado quando o Ramagem não pôde assumir a PF. Busquei contornar sem uma medida drástica. Quem hoje é o diretor da PF? Um amigo íntimo do Lula. Comigo não foi possível. Há uma diferença. Eu fui discriminado durante todo o mandato”, declarou o ex-presidente.