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O escritor e ativista indígena Ailton Krenak foi eleito nesta quinta-feira, 5, para ocupar a cadeira número 5 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Com sua eleição, Krenak se torna o primeiro indígena a integrar a instituição centenária.
A disputa pela cadeira foi acirrada, com Krenak enfrentando a historiadora Mary Del Priore e o líder indígena Daniel Munduruku. No final, Krenak recebeu 23 votos, enquanto Del Priore obteve 12 e Munduruku, apenas quatro.
Krenak é um dos mais importantes intelectuais indígenas do Brasil. Sua trajetória ganhou destaque nos últimos anos, especialmente com a publicação de sua trilogia composta por “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, “A Vida Não É Útil” e “Futuro Ancestral”. Essas obras, adaptadas de palestras e textos curtos, apresentam seu pensamento de forma acessível e contribuíram para popularizar as cosmogonias indígenas pelo país.
No entanto, a atuação de Krenak como ativista remonta décadas atrás, incluindo sua participação na Assembleia Constituinte em 1987, quando representava a União das Nações Indígenas. Na ocasião, ele colaborou para incorporar demandas dos povos originários na Carta promulgada no ano seguinte.
A disputa pela cadeira na ABL foi marcada por um conflito público entre Krenak e Munduruku. O líder indígena acusou Krenak de traição ao postular para uma vaga que, segundo ele, havia sido combinada entre os dois. Munduruku considerou ceder o espaço a Krenak, mas depois mudou de ideia. Krenak, por sua vez, negou qualquer acordo prévio e afirmou que soube de sua candidatura através da imprensa. Apesar do conflito, ambos seguiram os ritos e burocracias internas da instituição e mantiveram suas candidaturas até o final.