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Idosa viveu 72 anos em condição de escravidão: Acusados alegam que vítima era “quase da família”.

A família de Maria de Moura, de 87 anos, resgatada em condição análoga à escravidão em março de 2022, denunciou neste domingo (10) que a empregada doméstica era escravizada por seus patrões e que pouco a viam a idosa.

“O que a minha tia curtiu? O que a gente curtiu com a nossa tia? Nada. A minha tia perdeu uma vida inteira”, disse o sobrinho Henrique.

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Maria morava na casa de Yonne Mattos Maia e André Luiz Mattos Maia Neumann, mãe e filho, seus patrões. Eles viraram réus na Justiça nesta semana e são acusados de trabalho análogo à escravidão, coação e apropriação de cartão magnético de idoso. A defesa alega que Maria era parte da família.

Ana Luiza, sobrinha de Maria, também lamenta a situação pela qual a tia passou: “eu sinto dor. Eu olho para ela e eu vejo uma escrava. Eu vejo escravidão.”

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A família de Maria diz que ela foi morar com a família de Yonne pela promessa de uma vida melhor, mas que, segundo a Justiça, não se concretizou. Disseram ainda que viam a familiar poucas vezes e por pouco tempo.

“Bem difícil, de vez em quando, uma vez ao ano, duas. Ela aparecia para ficar um dia, dois, no máximo. Quando não voltava (logo), os empregadores ligavam para retornar”, conta Ana Luiza.

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Nesta semana, uma juíza aceitou a denúncia do Ministério Público Federal contra mãe e filho que eram patrões da dona Maria de Moura. Eles viraram réus na Justiça e são acusados de trabalho análogo à escravidão, coação e apropriação de cartão magnético de idoso. Segundo a Justiça, as visitas dela à própria família eram controladas e o celular ficava com o patrão.

Segundo a promotora Juliane Mombelli, do Ministério Público do Trabalho, o caso representa um recorde negativo no Brasil: “é o mais longevo, em que a pessoa permaneceu mais tempo nessa situação análoga à escravidão, 72 anos. Infelizmente é uma vida toda nessa condição”, disse.

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O Ministério Público do Trabalho resgatou Maria de Moura, que atualmente tem 87 anos, a partir de uma denúncia anônima. A defesa alega que Maria era parte da família.

“O que chama muito atenção são as fotos, uma ao lado da outra, dos locais onde as duas mulheres da casa dormiam. Não havia um lençol, uma coberta, um travesseiro. Era um sofá, onde ela passava as noites aos pés da empregadora para atender a todas suas necessidades”, disse Juliane Mombelli, promotora do MPT.

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Quando foi resgatada, dona Maria estava com a saúde debilitada. Natural de Vassouras, no interior do Rio de Janeiro, ela é de uma família muito pobre e aos 12 anos foi morar com a família dos patrões do pai, na fazenda onde ele trabalhava. O dono da fazenda era o pai de Yonne. Desde então, Maria viveu com eles.

A denúncia do Ministério Público Federal também diz que no dia da inspeção o cartão do INSS de dona Maria estava em posse de André, que admitiu ter a senha dela.

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Ainda segundo a denúncia, na frente dos fiscais, André segurou o braço de Maria antes dela ser ouvida: “você não diga que trabalhou para a minha mãe, senão você vai…” e disse um palavrão.

Segundo o procurador Eduardo Benones, as condições em que dona Maria foi encontrada deram base à acusação. Trabalho análogo à escravidão é um crime federal.

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“Ficou estabelecido de que havia jornada exaustiva, que os trabalhos eram também feitos de maneira pesada, que sobrecarregavam a dona Maria. Havia, na verdade, uma restrição à liberdade dela”, disse Benondes.

Para as autoridades, essa ideia de “quase da família” é um alerta, porque pode camuflar uma relação de trabalho degradada sob a falsa ideia de relação de afeto.

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“É muito difícil para quem está de fora perceber que a pessoa está sendo vítima de trabalho escravo, porque é muito difícil para ela perceber isso. Muitas vezes, ela está convencida de que está numa situação normal, de que está numa situação de afeto”, alerta a historiadora Ynaê Lopes do Santos.

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