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Em um depoimento à Polícia Federal, o general da reserva do Exército Laércio Vergílio defendeu a prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes como uma medida necessária para “a volta da normalidade institucional e a harmonia entre os Poderes”. Ele é investigado por suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.
O interrogatório ocorreu em 22 de fevereiro deste ano, e nesta sexta-feira (15), Moraes retirou o sigilo de 27 depoimentos prestados no âmbito da Operação Tempus Veritatis. Durante o questionamento, a PF abordou Vergílio sobre áudios que teriam sido trocados entre ele e o militar da reserva Aílton Gonçalves, também alvo da operação.
Em uma das conversas, o general menciona uma possível “minuta do golpe” e comenta sobre a prisão de Moraes em 18 de dezembro de 2022. “Nas portarias que tiverem que ser assinadas, tem que ser dada a missão ao comandante da Brigada de Operações Especiais de Goiânia de prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele, como ele faz com todo mundo”, diz a transcrição do áudio apresentada no depoimento.
Interrogado sobre essa declaração, o general respondeu que “não sabe dizer como se daria uma suposta prisão do ministro Alexandre de Moraes” e que apenas deu sua opinião sobre o assunto, defendendo que seria necessária para a normalidade institucional e harmonia entre os poderes. Ele enfatizou que “não planejou ou executou qualquer missão” para efetivar a prisão do ministro.
Durante a oitiva, o general também comentou que qualquer ação contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva só seria considerada golpe após sua posse em janeiro de 2023. Ele argumentou que, enquanto presidente, Jair Bolsonaro teria a obrigação de defender a Constituição Federal e que qualquer ação só seria considerada golpe após a posse de Lula.
Em outro momento, a Polícia Federal apresentou um áudio em que Laércio defende a realização de uma “operação especial” liderada por Jair Bolsonaro. O general explicou que essa “operação especial” seria para “implementar a GLO [Garantia da Lei e da Ordem] temporariamente” e que tudo deveria ser realizado dentro da legalidade e baseado na Constituição Federal, especialmente com base nos argumentos apresentados pelo jurista Ives Gandra.