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Setores de inteligência da polícia paulista relataram a possível emergência de uma nova facção criminosa, denominada Primeiro Comando Puro (PCP), formada por indivíduos anteriormente associados e agora adversários de Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, líder principal do Primeiro Comando da Capital (PCC).
A informação sobre a suposta nova facção está sendo considerada como preliminar e está em circulação nos bastidores do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), uma unidade de elite da Polícia Civil paulista, em meio à divisão da alta liderança do PCC.
Segundo apurações, o PCP seria liderado por Roberto Soriano, conhecido como Tiriça, atualmente detido e protagonista de um conflito com Marcola. Além disso, há relatos de tentativas de aliança com o Comando Vermelho (CV), a maior organização criminosa do Rio de Janeiro, rival do PCC.
A existência do PCP foi mencionada em conversas telefônicas interceptadas por investigadores, mas a Polícia Civil ainda não confirmou oficialmente essa informação.
O racha interno no PCC surge de uma disputa de poder entre Marcola e antigos aliados que anteriormente faziam parte da Sintonia Geral Final, a cúpula mais alta da facção criminosa. Eles agora acusam o líder máximo de ter colaborado com as autoridades.
O principal ponto de conflito é um diálogo gravado entre Marcola e agentes penitenciários federais na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO), onde Marcola descreve Tiriça como um “psicopata”. Essa declaração foi utilizada por promotores durante o julgamento de Tiriça, que foi condenado em 2023 por ser o mandante de um assassinato.
Além de Tiriça, outros detentos como Abel Pacheco de Andrade (Abel Vida Loka), Wanderson Nilton de Paula Lima (Andinho), Daniel Vinicius Canônico (Cego) e Reinaldo Teixeira dos Santos (Funchal) também romperam com Marcola.
Como resultado do conflito interno, os aliados de Marcola começaram a assumir o controle das áreas de venda de drogas, conhecidas como “biqueiras”, anteriormente controladas pelos dissidentes. Familiares dos ex-líderes manifestaram preocupação com a possível perda de seus bens adquiridos por meio dos negócios e dinheiro do PCC, alguns buscaram proteção policial.
O conflito resultou em uma série de mortes em cidades paulistas. A primeira morte divulgada foi a de Donizete Apolinário da Silva, aliado de Marcola, assassinado a tiros em Mauá, na Grande São Paulo, enquanto caminhava com sua esposa e enteada. Na semana seguinte, Luiz dos Santos Rocha, conhecido como Luiz Conta Dinheiro, foi morto a tiros em Atibaia, no interior, quando chegava em casa. Ele era considerado o “tesoureiro do PCC” e estava em saída temporária. No mesmo dia, Cristiano Lopes da Costa, conhecido como Meia Folha, foi morto a tiros em uma lanchonete no Guarujá, no litoral paulista, por um atirador que passou de moto pelo local. Ele era considerado um dos líderes na região.