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Kawara Welch foi presa no início do mês por “stalking”, prática considerada crime desde 2021. Ela se apresenta nas redes sociais como artista plástica e desenvolveu uma obsessão pelo médico, na expectativa de ter um relacionamento amoroso com ele.
O “stalking” é a perseguição de uma pessoa, seja pessoalmente ou por outros meios, como telefonemas e mensagens. A pena varia de seis meses a dois anos de prisão.
Welch foi acusada por um médico, que preferiu não ser identificado, de persegui-lo desde 2019. Ele relata ter conhecido Welch em 2018, quando ela buscou atendimento devido a problemas de depressão. Após outros dois atendimentos, Welch começou a frequentar a clínica onde o médico trabalhava, iniciando a perseguição.
“Ela teve acesso ao meu celular e começou a enviar mensagens e fotos perturbadoras, com lençóis e cordas no pescoço, se despedindo de mim. Eu entrei em pânico”, conta o médico
O médico relata que Welch passou a enviar mensagens ameaçadoras. Ele decidiu parar de atendê-la, mas Welch continuou insistindo. Quando ela ia ao hospital particular durante os plantões dele, o médico solicitava que outro profissional a atendesse. Ele tentou evitar contato com Welch, mas a situação se agravou.
“Ela chegou a me enviar 1.300 mensagens em um dia e fez mais de 500 ligações em um único dia. Eu troquei de número de celular várias vezes, mas era inútil. Ela sempre encontrava meu novo número”, afirma o médico.
Welch também fez ligações insistentes para a esposa e o filho do médico. Além dos telefonemas e mensagens, a polícia encontrou montagens feitas por Welch nas redes sociais para dar a impressão de que os dois tinham um caso.
O médico afirma que Welch começou a persegui-lo nas ruas, no trabalho e em congressos de medicina. Em 2022, Welch invadiu o consultório onde uma paciente estava sendo atendida, resultando em uma troca de agressões com a esposa do médico. Um ano depois, houve outro incidente no mesmo local, com xingamentos e acusações de roubo.
“Tinha momentos de horror, eu entrava em pânico, porque ou ela aparecia ou fazia algo inesperado”.
A polícia prendeu Welch em flagrante, mas ela foi liberada após pagar fiança de R$ 3,5 mil e passou a responder ao processo em liberdade. Em março de 2023, a Justiça determinou sua prisão preventiva por descumprir medidas cautelares. Welch ficou foragida por mais de um ano até ser presa na semana passada em uma faculdade em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, onde estudava nutrição.
O advogado de Welch afirma que houve um envolvimento entre ela e o médico. Ele nega qualquer relacionamento com ela.
“Nós acreditamos que não houve esse relacionamento. E, mesmo se houvesse, não justifica de forma alguma esse tipo de ação”, afirma o delegado Rafael Faria.
O psiquiatra Daniel Barros diz que a prática de stalking pode ou não estar relacionada a transtornos psíquicos. No processo, não há nenhum laudo sobre as condições mentais de Welch.
O médico e sua esposa estão em tratamento para controlar o pânico há um ano.