Um incêndio envolvendo dois ônibus na Avenida Princesa Isabel, no bairro Santana, em Porto Alegre, foi registrado como um ato de protesto pela morte de um homem, conforme informou a Brigada Militar (BM).
A vítima, Vladimir Abreu de Oliveira, de 41 anos, desapareceu na última sexta-feira (17) após ser abordado e colocado dentro de uma viatura da Polícia Militar do Rio Grande do Sul. Seu corpo foi encontrado com ferimentos dois dias depois, em uma região alagada na Zona Sul da capital, distante aproximadamente 10 km do local onde foi visto pela última vez.
A família de Vladimir, consternada com a tragédia, relata ter reconhecido marcas de tortura no corpo da vítima. “Ontem, a gente reconheceu o corpo, a minha prima reconheceu o corpo, ele tá todo machucado, todo, todo, a perita falou, ‘torturaram ele, torturaram ele antes de matar’”, conta a irmã de Vladimir, Letícia Abreu de Oliveira, à RBS TV.
Testemunhas afirmam que Vladimir foi abordado em sua residência, no Condomínio Princesa Isabel, levantando questionamentos sobre o motivo de sua detenção e subsequente morte. Diante da falta de notícias sobre seu paradeiro, a família empreendeu buscas em delegacias e hospitais, sem sucesso.
Após a confirmação da morte de Vladimir, cerca de 50 pessoas bloquearam a avenida em frente ao condomínio onde ele residia, manifestando sua indignação. Os ônibus incendiados são apontados como expressão desse descontentamento. Nenhum ferido foi relatado durante o protesto.
O sepultamento de Vladimir está marcado para a tarde desta segunda-feira (20), enquanto a família aguarda esclarecimentos das autoridades sobre as circunstâncias que levaram à sua morte e a veracidade das testemunhas que afirmam tê-lo visto ser levado em uma viatura da BM antes de ser encontrado sem vida.
Veja o que diz a Brigada Militar
“Na noite de ontem (19/5), a Brigada Militar foi acionada para atender uma ocorrência de incêndio em ônibus localizado na Avenida Princesa Isabel, n°160, em Porto Alegre.
Aproximadamente 50 pessoas bloquearam a via e lançaram um artefato incendiário, possivelmente um coquetel molotov, com o intuito de inflamar dois ônibus. As chamas foram prontamente contidas pelo Corpo de Bombeiros, enquanto a Brigada Militar assumiu a responsabilidade pela segurança do perímetro.
A motivação do protesto seria relacionada a uma abordagem realizada pela BM que está sendo investigada através de um Inquérito Policial Militar instaurado ontem, para apuração“.