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Eldorado do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre, é a cidade do Rio Grande do Sul com a maior porcentagem da população atingida pelas cheias, que resultaram em 169 mortes desde o final de abril. Mais de 80% dos moradores foram impactados pela enchente. Com o recuo das águas, a comunidade enfrenta agora o problema das “dunas de lama” e areia.
Os sedimentos trazidos pela correnteza do Rio Jacuí invadiram a cidade, dificultando a limpeza das ruas e casas. Em alguns locais, a altura da areia ultrapassa um metro.
“Tem que ser retirado [o monte de areia] para conseguir drenar essa água e entrar nas casas”, explicou a técnica de segurança do trabalho Patrícia Soardi. A Prefeitura de Eldorado do Sul informou que está providenciando a remoção da areia no bairro, mas não especificou quando o trabalho será concluído.
A areia também atingiu ilhas de Porto Alegre, igualmente banhadas pelo Delta do Jacuí. Segundo o professor Maurício Andrades Paixão, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, a areia resulta da erosão do solo pela água.
“Quando temos grandes eventos de precipitação [chuva], as partículas do solo são levadas pelos rios. Então, é comum ter esse alto sedimento, que se deposita”, explicou.
O especialista destacou que essa formação tem causas naturais. Os deslizamentos atingiram rios, e o sedimento foi transportado pela correnteza.
Eldorado do Sul, com 39.559 habitantes conforme o último Censo do IBGE, teve 31.964 pessoas afetadas pela enchente, segundo o governo estadual.
O caminhoneiro Francisco Richter Pinto Ribeiro relatou que seu terreno também foi coberto pela areia. “O caminhão, o trator que está ali atrás, tudo está aterrado”, disse.
A aposentada Noeli Konhardt Ribeiro, de 74 anos, também enfrenta dificuldades. A areia chegou a quase dois metros de altura na casa onde ela mora com o marido de 82 anos. Eles dependem da ajuda de amigos para limpar o terreno.
“Eu estou invadida da areia, não tenho para onde ir”, desabafou.
Cerca de 3,5 mil imóveis ainda estão sem luz em Eldorado do Sul. Segundo a CEEE Equatorial, a energia não é fornecida por questão de segurança. A Corsan afirmou que os casos de falta de água no município são pontuais.