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PF: Propina de R$ 1 milhão no TJ-SP liberaria traficante aliado de Minotauro e de Beira-Mar

José Cruz/Agência Brasil

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A investigação da Polícia Federal (PF) sobre um esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça de São Paulo revelou que Romilton Queiroz Hosi, conhecido como Comandante Johnnie e ligado ao PCC, esteve envolvido em uma tentativa de libertar um narcotraficante detido desde 2019.

O narcotraficante tem vínculos com Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro, do PCC, e já foi parceiro de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, do Comando Vermelho (CV).

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Segundo informações da Operação Churrascada, deflagrada pela PF na sexta (21), Comandante Johnnie teria negociado o pagamento de R$ 1 milhão em propina ao desembargador Ivo de Almeida, da 1ª Câmara de Direito Criminal do TJSP, para garantir a liberdade do narcotraficante. O desembargador foi afastado de suas funções enquanto as investigações continuam.

“O desembargador Ivo de Almeida, por meio de Wilson Vital de Menezes Junior, foi oferecida a importância de R$ 1 milhão. Afirma-se categoricamente que o desembargador aceitou a proposta de ‘venda de decisão judicial’, mas houve dificuldades, pelas peculiaridades do caso concreto, em convencer os demais membros da Câmara a participar da corrupção”, diz o documento do MPF, com base nas apurações da PF. Wilson Junior era espécie de “representante” do desembargador.

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O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) viu-se envolvido em um escândalo de proporções alarmantes, conforme revelam as investigações da Polícia Federal. Suspeita-se que o desembargador Ivo de Almeida, juntamente com dois servidores do tribunal, advogados e familiares, estivessem operando um esquema de venda de sentenças e decisões judiciais. Os valores das propinas, segundo quebras de sigilo de comunicações dos envolvidos, variavam de R$ 100 mil a R$ 1 milhão.

O modus operandi incluía direcionamento de processos ao magistrado, falsificação de documentos, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Segundo a PF, o acerto para beneficiar um recurso da defesa de Romilton Queiroz Hosi, conhecido como Comandante Johnnie, não se concretizou devido à dificuldade de obter apoio de outros membros da Justiça durante um plantão judicial.

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Comandante Johnnie, condenado a quase 40 anos por tráfico internacional de drogas, mantinha laços com grandes nomes do narcotráfico, incluindo Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro. Sua prisão em 2019, onde foi encontrado com mais de 300 quilos de drogas e armas de fogo, desencadeou uma série de operações internacionais contra o tráfico, envolvendo autoridades de diversos países.

A Operação Churrascada, nome dado à investigação da PF, identificou três núcleos principais de envolvimento: advogados, intermediadores e servidores públicos, incluindo Marcos Alberto Ferreira Martins e Silvia Rodrigues, ambos servidores do TJSP. A quebra de sigilo bancário revelou movimentações financeiras suspeitas, enquanto as comunicações interceptadas indicaram que o acerto financeiro de R$ 1 milhão ocorreu entre setembro de 2020 e janeiro de 2021.

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Apesar das evidências contundentes, o pedido de prisão contra os acusados, incluindo Ivo de Almeida, não foi acatado pelo ministro Og Fernandes do Superior Tribunal de Justiça (STJ). No entanto, Ivo de Almeida foi afastado de suas funções pelo mesmo tribunal.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou a transferência de Hosi para um presídio federal de segurança máxima, destacando os vínculos do narcotraficante não apenas com o crime organizado nacional, mas também com possíveis delitos transnacionais.

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