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Durante sua participação na 19ª edição do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), condenou veementemente o uso clandestino da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), chamando-o de “deslealdade com a sociedade brasileira”. Pacheco fez referência às investigações da Polícia Federal (PF) que miram aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Sobre o caso da suposta “Abin paralela”, Pacheco afirmou que, se confirmados os fatos apontados pela PF, os responsáveis e beneficiários devem ser considerados “traidores da pátria” e espera uma “efetiva punição dessas pessoas”.
“A se confirmar isso que aconteceu na Abin, a partir da prova do processo, é algo realmente muito grave e, de fato, se, no passado, já se falou nesse nível de acontecimento como pessoas alopradas, eu reputo que são mais traidores da pátria do que aloprados”, destacou Pacheco durante sua intervenção.
Questionado sobre a fiscalização do Legislativo em relação à Abin, Pacheco negou falha e argumentou que houve uma “sofisticação” na maneira como a instituição foi afetada por tais práticas.
A Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) também foi mencionada, e Pacheco expressou dúvidas sobre a eficácia dela para evitar incidentes desse tipo: “Não imagino no que a CCAI, no pleno exercício de suas funções, poderia fazer para evitar um acontecimento deste tipo. A rigor os próprios membros da Abin, que são corretos e honestos, a própria direção dela, em algum momento pode ter sido traída”.
Os nomes do clã Bolsonaro e seus aliados estão sendo investigados por supostamente operarem uma “Abin paralela” para monitorar ilegalmente a localização de celulares de autoridades públicas, policiais, juízes e jornalistas, considerados adversários políticos ou desafetos do governo anterior. A PF, na nova fase da Operação Última Milha, também revelou que os envolvidos criaram perfis falsos e disseminaram informações fraudulentas na internet.
“A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos”, afirmou a PF em comunicado.
Indivíduos envolvidos, como o deputado federal e ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem (PL-RJ), argumentam que se trata de uma trama política.
Pacheco caracterizou a suposta organização de monitoramento clandestino como “um uso clandestino e marginal para perseguir pessoas”.
O Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, organizado pela Abraji, continua até domingo (14), abrangendo mais de 150 atividades e contando com a participação de 300 palestrantes de diversos países. Os temas em discussão incluem democracia, inteligência artificial, eleições, cobertura de conflitos e combate à desinformação.