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Cid Penha, que morreu aos 65 anos durante uma viagem à Bahia, era advogado, comentarista esportivo e estudante de Medicina. Ao g1, os amigos relataram que Cid decidiu se tornar médico após sobreviver a um infarto anos atrás. O corpo foi transferido para Santos, no litoral paulista, onde ele morava e será cremado.
A morte do advogado foi confirmada no domingo (14), cinco dias após Cid ser picado por um animal, sentir fortes dores na perna e parte do membro ficar com coloração preta. Ele ficou internado, mas não resistiu.
Cid Penha, de 65 anos, morava e tinha escritório de advocacia em Santos, mas estudava em Guarujá. Ele teve um filho e uma filha. Era advogado trabalhista e desportivo, foi comentarista esportivo e estava prestes a se formar em Medicina.
O personal trainer e jornalista Eduardo Rossin era amigo de Cid há 12 anos e foi sócio dele em um studio funcional e personal, que funcionou de 2015 a 2017 em Santos. Apesar do fim da sociedade, eles continuaram amigos.
Ao g1, Eduardo contou que Cid entrou na faculdade de Medicina aos 59 anos, após sofrer um infarto. “Ele dizia que gostaria de trabalhar como cardiologista para que jovens e pessoas após 50 anos estivessem fazendo atividade física para prevenir doenças do coração e evitar o que ele teve”, explicou.
De acordo com o personal, o advogado estava indo bem na graduação e tinha muitos planos para o futuro. “Ele se emocionava em dizer que já havia ajudado a realizar mais de 70 partos enquanto realizava seu estágio. Já havia me convidado para estar na formatura em 2025 e tinha planos de abrir uma clínica de cardiologia, onde fui convidado para atuar como personal trainer e trabalhar com ele”.
Cid atuou como comentarista por dez anos no programa ‘Radar Esportivo’. De acordo com o apresentador Paulo Alberto Francisco, ele começou a comentar os jogos após ser convidado para falar sobre legislação esportiva. “Chamavam como o doutor da bola, por ser advogado”, relembrou.
Paulo descreve o amigo como “grande companheiro e irmão” que teve na equipe. “Viajamos para fora do Brasil, para vários Jogos do Santos [Futebol Clube] para transmitir. Ele era um cara extremamente inteligente, uma pessoa comprometida naquilo que fazia”, afirmou, dizendo que ainda conversava com frequência com o amigo e admirava sua história com a Medicina.
Outra paixão de Cid era por motocicletas. Segundo Eduardo Rossin, o estudante de Medicina tinha uma turma que pilotava veículos acima de 1000 cilindradas. “Amava reunir os amigos e viajar”, afirmou.
Cid era amante da vida e adorava ajudar as pessoas, dizem os amigos. No entanto, o maior legado deixado para os colegas é a dedicação e força de vontade nos estudos.
“Não importa a sua idade para estar estudando, mudar de profissão e empreender. Ele dizia que eu era inspiração, pois entrei na Educação Física aos 42 anos. E ele entrou na Medicina com 59. Hoje mantenho meu trabalho de personal trainer tendo exemplo na dedicação que vi do querido amigo Cid Penha. Sou honrado e muito grato pela amizade, respeito e carinho”, finalizou Eduardo Rossin.
Cid morreu durante um passeio com um grupo de amigos para Morro de São Paulo, destino turístico da cidade de Cairu, no baixo sul da Bahia.
De acordo com os amigos, na última terça-feira (9) o grupo fez um passeio de lancha e jantou em um restaurante da região. Ao longo do jantar, Cid reclamou da picada de um animal.
No dia seguinte, ele sentiu fortes dores na panturrilha esquerda e foi levado pelos amigos para a Unidade de Saúde de Morro de São Paulo.
Em nota, a prefeitura confirmou que recebeu o paciente, que apresentava uma vermelhidão no membro inferior, sem causa definida. Fotos tiradas pelos amigos mostram que a panturrilha de Cid, onde provavelmente foi picado pelo animal, ficou com uma coloração preta.
A prefeitura ainda afirmou que todos os protocolos de saúde foram seguidos e o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS), da Secretaria de Saúde do Estado, foi acionado. O centro é responsável pelas medidas que devem ser tomadas em casos de picadas de insetos ou animais peçonhentos na Bahia.
Logo em seguida, Cid foi transferido para a Santa Casa de Valença, cidade que fica a 52 km de Cairu. Segundo a prefeitura, o soro que precisa ser dado a pacientes que apresentam os mesmos sintomas do turista não fica na unidade de saúde, mas sim em “hospitais de maiores complexidades”.
Em nota, a Santa Casa descartou o adoecimento por picada de aranha-marrom. Apesar disso, a unidade não esclareceu a causa dos sintomas de Cid Penha.
A prefeitura ainda contou que, devido à gravidade do caso, ele foi transferido para o Instituto do Coração, em Santo Antônio de Jesus, cidade do recôncavo baiano que fica a 76,5 km de Valença. Ele foi entubado na unidade, mas não resistiu.