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Mais da metade dos Estados enfrenta pior seca em 80 anos

Foto: Divulgação/SGB

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O Brasil enfrenta uma das mais severas secas já registradas, com cidades sufocadas por queimadas e fumaça, rios secando e animais morrendo pela falta de água. O setor hidrelétrico está em alerta devido à baixa nos reservatórios, enquanto o ar seco dificulta a respiração.

Segundo levantamento do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), este é o pior período de seca em mais de 80 anos, afetando mais da metade do país.

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Das 27 unidades federativas, 16 estados e o Distrito Federal enfrentam a pior estiagem desde os anos 1940. Entre os mais atingidos estão Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Piauí, Maranhão e Tocantins.

Ana Paula Cunha, especialista do Cemaden, explica que a seca é a mais longa observada em anos de monitoramento. Em junho de 2023, com a chegada do El Niño, os ciclos de chuva foram alterados, mas o esperado período chuvoso em outubro não trouxe alívio. Com bloqueios atmosféricos impedindo a entrada de frentes frias, o índice de precipitação ficou abaixo da média em quase todo o país. No início de 2024, o cenário se agravou, mesmo com o fim do El Niño, devido ao aquecimento do Atlântico Tropical Norte, reflexo das mudanças climáticas.

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O Brasil completa agora 12 meses sob os efeitos da seca, que se estende por quase todo o território, com exceção do Rio Grande do Sul, onde a intensidade é menor. Mais de 3,8 mil cidades estão classificadas em algum nível de seca, com um aumento de quase 60% entre julho e agosto. No Sudeste, por exemplo, das 1.668 cidades, 1.666 estão em situação crítica.

A falta de chuva, aliada ao aumento das temperaturas, tem secado rios e afetado a maior parte das bacias hidrográficas. A hidróloga Adriana Cuertas destaca que a estiagem prolongada está dificultando a recuperação e sobrevivência dos rios, especialmente na região Norte, onde cidades enfrentam dificuldades de navegação e autoridades pedem que a população estoque alimentos.

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A crise hídrica também afeta a economia. Empresas na Zona Franca de Manaus relataram gastos de R$ 1,4 bilhão devido à falta de água, impactando o preço dos produtos distribuídos nacionalmente. No setor energético, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) anunciou a redução do uso de hidrelétricas na região Norte, com a ativação de termelétricas para compensar a baixa nos reservatórios.

As bacias do Sudeste, que também alimentam o sistema hidrelétrico, estão em situação extrema, mas o governo assegura que há energia suficiente para abastecer o país, apesar dos riscos de aumento nos custos. Especialistas alertam que medidas emergenciais podem encarecer a energia e afetar a produção, refletindo nos preços de alimentos da cesta básica.

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Além dos impactos econômicos, a seca está tornando a vegetação mais vulnerável ao fogo. Este ano, a temporada de queimadas começou mais cedo e de forma mais intensa. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o número de focos de incêndio no país é o pior em 14 anos. No Pantanal, mais de 800 mil hectares já foram queimados em 2023, um recorde para a região. A Amazônia Legal registrou o maior número de focos de fogo em 19 anos, com a fumaça se espalhando por mais de dez estados.

No estado de São Paulo, as queimadas no último fim de semana destruíram mais de 20 mil hectares e forçaram a evacuação de 800 pessoas. O Cerrado também sofre com incêndios, especialmente em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Tocantins, onde o número de focos de fogo em agosto já supera o registrado no mesmo período do ano anterior.

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