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O relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), revelou que o ATR-72 da Voepass, que caiu em 9 de agosto em Vinhedo (SP), perdeu o controle durante o voo devido a condições severas de gelo. O acidente resultou na morte de 62 pessoas.
De acordo com o Cenipa, o sistema de gravação de voz, uma das partes da “caixa-preta”, captou o comandante mencionando uma falha no sistema de degelo das asas durante a subida da aeronave. Contudo, essa falha não foi confirmada pelos dados do gravador de voo.
“O que temos até o momento é que um dos tripulantes indicou uma falha no sistema de ‘de-icing’ [antigelo], mas essa informação não foi confirmada no gravador de dados. Isso será analisado futuramente”, explicou o chefe do Cenipa, brigadeiro do ar Marcelo Moreno, em entrevista coletiva.
O tenente-coronel Paulo Mendes Fróes, também do Cenipa, reforçou que a tripulação mencionou falhas no sistema de degelo durante o voo. Em uma das gravações, o copiloto relatou “bastante gelo” dois minutos antes do acidente.
Outro ponto destacado pelo Cenipa foi que o sistema antigelo da aeronave foi ligado e desligado diversas vezes ao longo do voo. No entanto, ainda não é possível determinar se o desligamento foi feito pela tripulação ou por algum outro fator.
A aeronave tinha todos os registros de manutenção atualizados, segundo o Cenipa, mas a qualidade dessas manutenções ainda será investigada. “Os registros de manutenção estavam atualizados. Agora, a qualidade e a eficácia dessas manutenções serão analisadas”, afirmou o tenente-coronel Carlos Henrique Baldin.
Além disso, foi constatado que o avião estava apto a voar em condições de gelo e que a tripulação possuía treinamento específico para lidar com esse tipo de situação. A previsão meteorológica já indicava a possibilidade de gelo severo na rota.
Outro detalhe importante é que, nos dias anteriores ao acidente, o item “Pack de número 1”, parte do sistema pneumático responsável pela pressurização e climatização da aeronave, estava inoperante, conforme registros de manutenção. No entanto, isso não impediu o voo.
Por fim, o Cenipa destacou que o prazo de conclusão da investigação, inicialmente previsto para cerca de um ano, deverá ser prorrogado devido à complexidade do caso.
“Ainda estamos focados em levantar os dados factuais sobre o que aconteceu. A investigação é detalhada e requer tempo para análise completa”, concluiu o tenente-coronel Paulo Mendes Fróes.