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O Brasil registrou 2.089 focos de incêndio na segunda-feira (23), segundo dados do sistema BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados na terça-feira (24). O Cerrado concentrou a maior parte das ocorrências, com 965 focos, o que representa 46,2% do total.
Os Estados do Pará e Tocantins lideraram o número de queimadas, com 334 focos registrados em 24 horas em cada um. Em seguida, Acre e Bahia contabilizaram 315 e 221 ocorrências, respectivamente.
Dos seis biomas brasileiros, cinco registraram a incidência de fogo. A Amazônia teve o segundo maior número, com 854 focos, equivalente a 40,9% do total.
O Brasil terminou o mês de agosto de 2024 com o maior número de queimadas dos últimos 14 anos, com 68.635 ocorrências, sendo o quinto maior da série histórica iniciada em 1998. Esse número representou um aumento de 144% em relação ao mesmo período de 2023.
O mês de setembro já ultrapassou os focos de incêndio registrados em agosto, tornando-se, até o momento, o pior mês deste ano quanto ao número de queimadas, acumulando 75.051 focos. No total de 2024, o país já registrou 202.102 ocorrências de incêndios.
Além do aumento dos focos de incêndio, o Brasil enfrenta uma seca histórica, considerada a pior estiagem em 44 anos, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTI).
A seca e a estiagem que atingem grande parte dos municípios são fenômenos comuns no inverno brasileiro, que começou em junho e vai até o final de setembro, mas a intensidade deste ano é atípica.
Dois fatores principais contribuem para o agravamento da situação: as fortes ondas de calor, que já somam seis desde o início da temporada, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), e a antecipação da seca, que, em algumas regiões, começou antes do inverno. Na Amazônia, por exemplo, a estiagem se intensificou quase um mês antes do previsto, já no início de junho.
A região amazônica enfrenta cerca de um ano de estiagem, a mais longa já registrada, devido a três principais causas: a intensidade do fenômeno El Niño, que afetou o regime de chuvas ao aquecer as águas do Oceano Pacífico, com seu pico no início do ano; o aquecimento anormal das águas do Atlântico Tropical Norte, cuja temperatura aumentou entre 1,2 °C e 1,4 °C entre 2023 e 2024; e as temperaturas globais recordes, com o mês de julho de 2024 marcando a maior temperatura já registrada na história, criando condições para ondas de calor mais intensas.