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O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria forjado um acidente doméstico como desculpa para não comparecer à recente cúpula do Brics, realizada entre os dias 22 e 24 de outubro em Kazan, na Rússia. Saab disse que “fontes diretas e próximas do Brasil” informaram que o incidente teria servido como um “álibi” para Lula evitar possíveis desconfortos com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, devido à posição brasileira contrária à entrada da Venezuela no bloco econômico.
“Fontes diretas e próximas do Brasil me informam que o presidente Lula da Silva manipulou um suposto acidente para usá-lo de coartada com o fim de não participar da recente Cúpula dos Brics”, escreveu Saab, em um comunicado publicado nas redes sociais do Ministério Público da Venezuela.
Saab argumentou que a justificativa do acidente foi uma “versão forjada” para “perpetrar o veto contra a Venezuela, eludindo sua responsabilidade com o presidente [Vladimir] Putin, os demais presidentes presentes e, em particular, o presidente Nicolás Maduro Moros”. A declaração de Saab foi acompanhada da divulgação de um vídeo do primeiro evento público de Lula após o incidente, no qual é possível ver a cicatriz na cabeça do presidente.
No entanto, o procurador-geral questionou a legitimidade da lesão, afirmando que a aparência “sorridente e ilesa” de Lula no vídeo mostraria que ele teria “usado o tal ‘acidente’ para mentir para o Brasil, para os Brics e para o mundo inteiro, fato pelo qual deveria ser investigado”. Em suas palavras, “o que circulou com muita força como rumor, lamentavelmente parece ser corroborado com um vídeo difundido ontem, onde o presidente Lula é visto saudável, em uso de suas faculdades e atuando com total cinismo”.
A posição do procurador-geral vem acompanhada de uma crítica à postura do governo brasileiro em relação à Venezuela, apontando que essa postura seria resultado de uma “indigna e nefasta atuação” que traria “grande mal-estar na esquerda latino-americana”. Segundo Saab, o veto à entrada da Venezuela no bloco seguiu “de maneira obediente às instruções dos inimigos históricos” do povo venezuelano.
Em declarações recentes, Saab também causou polêmica ao afirmar que Lula teria se tornado um porta-voz da “esquerda cooptada pela CIA”, uma posição que foi rapidamente esclarecida pelo governo venezuelano como sendo exclusivamente sua e não do presidente Nicolás Maduro.
A postura do Itamaraty foi criticada pelo governo venezuelano, que classificou a decisão de veto como uma “agressão” e “gesto hostil” em comunicado emitido na última quinta-feira (24). A chancelaria venezuelana expressou “indignação e vergonha” pelo que considerou uma “agressão inexplicável e imoral” do governo brasileiro, acusando-o de dar continuidade às políticas do ex-presidente Jair Bolsonaro contra o regime bolivariano.
O veto brasileiro, segundo fontes diplomáticas, está relacionado à recusa de Maduro em fornecer transparência sobre os processos eleitorais, especialmente a falta de divulgação das atas das últimas eleições presidenciais, nas quais o líder venezuelano foi reeleito. Na última quinta-feira (24), Maduro comparou Lula a Bolsonaro, afirmando que o veto brasileiro representa uma “agressão” direta a Caracas.