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A Polícia Federal (PF) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um relatório detalhando omissões e contradições nos depoimentos de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). O documento busca subsidiar a Corte na avaliação sobre a possível anulação do acordo de colaboração premiada firmado por Cid em setembro do ano passado.
O ministro Alexandre de Moraes solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma análise aprofundada antes de decidir sobre a revogação do acordo e a eventual decretação da prisão de Cid, caso isso seja solicitado pela PF.
Os depoimentos de Cid, que ocupavam posição central em investigações sobre supostos planos golpistas, têm sido confrontados com provas periciais e outros elementos coletados pela PF. Em troca de sua colaboração, Cid buscava benefícios como redução de pena e a possibilidade de responder aos processos em regime domiciliar, respeitando restrições como uso de tornozeleira eletrônica e proibição de contato com outros investigados.
Em uma das oitivas, realizadas nesta terça-feira na sede da PF, Cid negou ter conhecimento de um plano que envolvia o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. Ele também refutou mensagens que indicariam seu envolvimento no monitoramento de autoridades.
Operação Contragolpe e prisões
Paralelamente ao depoimento, a Operação Contragolpe resultou na prisão de quatro militares e um policial federal, suspeitos de integrar um esquema que planejava ataques a líderes do governo e ao ministro do STF. Segundo as investigações, o grupo trocava mensagens sobre a logística do plano e chegou a monitorar a localização de Moraes.
Esses indícios vieram à tona após a recuperação de dados do celular de Cid, realizada com auxílio de uma tecnologia israelense. As informações obtidas indicaram que militares, como o general Mário Fernandes, ex-chefe substituto da Secretaria-Geral da Presidência, acompanharam rotinas de Lula e Moraes durante o período investigado.
Implicações e próximos passos
Mauro Cid, que esteve preso desde maio de 2023 até setembro do mesmo ano, foi transferido para regime domiciliar após a homologação do acordo por Alexandre de Moraes. No entanto, as omissões em seus depoimentos reacenderam questionamentos sobre a validade da colaboração.
A PF aguarda agora a avaliação da PGR e possíveis novas orientações do STF. Investigadores apontam que a permanência de Cid como colaborador dependerá de sua capacidade de justificar as lacunas apontadas pela defesa e pelos órgãos de investigação. Caso contrário, seu acordo poderá ser invalidado, abrindo caminho para novas ações judiciais.