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O governo de São Paulo está considerando transferir a gestão do Instituto de Infectologia Emílio Ribas para a iniciativa privada. Este hospital, que funciona com atendimento sem necessidade de agendamento prévio, está atualmente sob a administração direta da Secretaria Estadual de Saúde.
Nesta semana, houve uma reunião entre a direção do hospital e representantes dos funcionários para discutir essa proposta. As possibilidades de mudança na administração foram apresentadas por Ésper Kallas, diretor do Instituto Butantan.
A Secretaria de Saúde afirmou que o tema ainda não está sendo oficialmente discutido internamente, embora reconheça a existência de debates informais sobre o assunto.
Na última terça-feira (11), os funcionários se reuniram em assembleia para analisar o tema, baseando-se em relatos de uma reunião realizada na semana anterior.
Em comunicado aos trabalhadores, foi informado que o hospital necessita de maior flexibilidade na gestão, especialmente em relação a recursos humanos e financeiros.
Fundado em 1880 e localizado na zona oeste de São Paulo, o hospital teve um papel significativo no atendimento durante a recente epidemia de dengue e dedicou-se ao tratamento de pacientes com covid-19 durante a pandemia.
O Emílio Ribas atende a várias especialidades, como tuberculose e HIV, doenças que afetam principalmente as populações mais vulneráveis. Segundo o Ministério da Saúde, no ano passado, 3,4% das pessoas em situação de rua adoeceram de tuberculose, cuja incidência é 54 vezes maior nesse grupo do que na população geral.
A instituição também oferece profilaxia pré-exposição para pessoas com alto risco de contrair HIV e profilaxia pós-exposição para vítimas de violência sexual.
Uma das possibilidades para o Emílio Ribas é sua fusão com o Hospital das Clínicas, um grande complexo hospitalar adjacente ao instituto. Segundo Augusto Ribeiro, presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), a história do Emílio Ribas já se arrasta há muitos anos. Desde o início da reforma, há 10 anos, já havia a hipótese da junção do hospital Emílio Ribas à autarquia especial do Hospital das Clínicas.
A reforma mencionada por Ribeiro começou em 2014, com um custo inicial previsto de R$ 139 milhões e conclusão em 2016. No entanto, as melhorias nos espaços existentes e a ampliação de leitos só foram parcialmente concluídas no final de 2023, com um custo total de R$ 189 milhões. Uma nova licitação para a terceira fase das obras foi aberta em outubro, com previsão de mais R$ 140 milhões em investimentos.
Em momentos anteriores, organizações sociais terceirizaram parte dos serviços do hospital. Na última experiência, a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina assumiu parte da unidade de tratamento intensivo. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, essa entidade está afastada do hospital há mais de um ano.
Se ocorrer a fusão com o Hospital das Clínicas, o Emílio Ribas pode passar a ser gerido pela Fundação Faculdade de Medicina, uma instituição privada sem fins lucrativos que atua na administração e contratação de pessoal do hospital.
Ribeiro criticou essa possibilidade, afirmando que vai contra toda a luta feita até agora para que o servidor público estadual fosse valorizado, e o hospital estadual de administração direta, que é o Emílio Ribas, que tem um trabalho de excelência, fosse prestigiado com contratações através de concursos públicos.
Ele acrescentou que, atualmente, parte da capacidade do hospital está ociosa devido à demora na convocação dos aprovados no último concurso público.
Em nota divulgada pela Secretaria Estadual de Saúde, o Emílio Ribas afirmou que não houve interrupção de nenhum serviço e que mais de 60 médicos aprovados em concurso já foram convocados para reforçar as equipes da unidade e garantir assistência à população.