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O Papa Francisco decidiu atacar, na terceira encíclica (carta endereçada à Igreja Católica), o “neoliberalismo e o populismo”. Nas 98 páginas do documento intitulado Fratelli Tutti (Todos Irmãos), ele discorre sobre a suposta incapacidade do mercado de lidar com os problemas sociais e menciona a pandemia da Covid-19 que, de acordo com a opinião dele, mostrou as fragilidades de um modelo que produz “escravos” e “descartes”.
Além disso, no texto, Francisco ainda garante que é preciso transformar o mundo em uma só comunidade e que a propriedade privada não pode ser considerada um direito absoluto.
“O mercado sozinho não resolve tudo, embora mais uma vez queiram nos fazer acreditar nesse dogma de fé neoliberal. É um pensamento pobre, repetitivo, que propõe sempre as mesmas receitas diante de qualquer desafio que surja”, argumentou, na carta publicada pelo Vaticano, no domingo 4.
“Existem regras econômicas que foram eficazes para o crescimento, mas não para o desenvolvimento humano integral”, continuou Papa ao atacar o que chamou de “populismo” e “nacionalismo”.
“Nos últimos anos, a expressão ‘populismo’ invadiu os meios de comunicação e a linguagem em geral. Assim, perde o valor que poderia conter e se transforma em uma das polaridades da sociedade dividida. […] A pretensão de instalar o populismo como chave de leitura da realidade social tem outra fragilidade: ignora a legitimidade da noção de povo”, acrescentou.
No sexto capítulo da carta, dedicado ao diálogo e à amizade, segundo Francisco, o pontífice argentino menciona um trecho da música Samba da Bênção, do poeta Vinícius de Moraes: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida”.