Ciência e Tecnologia

Facebook acusa oficiais do Exército Brasileiro de serem ‘chefes’ de perfis com desinformação sobre a Amazônia

Nesta quinta-feira (07), o Facebook anunciou que derrubou uma rede de contas e perfis falsos que, segundo a rede social, tentavam distorcer o debate público relacionado a questões ambientais, como o desmatamento da Amazônia.

De acordo com a Meta (holding do Facebook), oficiais do Exército Brasileiro eram responsáveis pela operação de desinformação, mas as suas identidades não foram reveladas pela rede social.

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As informações surgiram no relatório trimestral que a empresa produz sobre ameaças na plataforma.

Na atual edição do relatório, foram listados casos no Azerbaijão, na Rússia, na Ucrânia, no Irã, na Costa Rica e nas Filipinas.

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De acordo com o Facebook, a suposta rede brasileira aparece como um exemplo de “comportamento inautêntico coordenado”, termo da empresa que se refere a redes de perfis e páginas falsas usadas em esforço para manipular o debate público. 

No total, foram derrubados 14 perfis falsos e nove páginas no Facebook, além de 39 contas no Instagram – parte desses perfis e páginas também estavam conectadas a páginas no Twitter. Nos serviços do Facebook, a rede somava 25 mil seguidores.

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“Não podemos compartilhar muitos detalhes de como nossa investigação chegou aos militares. Quanto mais compartilhamos, mais essas redes conseguem se esconder. Usamos sinais técnicos e comportamentais”, disse Nathaniel Gleicher, chefe de política de segurança global do Facebook, ao jornal O Estadão.

Antes de derrubar a rede, porém, o Facebook compartilhou suas informações com a Graphika, empresa de monitoramento de redes sociais — a ideia era ter um olhar terceiro além da pesquisa realizada pela companhia de Mark Zuckerberg.

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A Graphika publicou um relatório independente, no qual deu mais detalhes sobre como conseguiu mapear os supostos militares. Novamente, as identidades não foram reveladas. 

De acordo com o documento, dois oficiais do Exército estão por trás da rede — a empresa confirmou pelo Portal da Transparência, do governo federal, que, até dezembro de 2021, quando fez a checagem, ambos estavam na ativa.

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Quatro perfis pessoais dos oficiais foram identificados, o que permitiu determinar a ligação dos homens com o Exército. Entre as evidências estão posts nos quais eles aparecem fardados e congratulações de parentes por conquistas em treinamentos e cursos militares, além de fotos de arquivo pessoal que abrangem um período de 10 anos. 

“Os nomes deles apareciam em registros governamentais e documentos públicos militares, incluindo os resultados de exames de admissão no Exército e uma tese de graduação da Academia Militar, o que nos permitiu determinar que suas carreiras começaram em 2012 e 2014”, diz o relatório.

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A Graphika não conseguiu determinar as funções específicas dos homens no Exército, mas acredita que ambos têm funções ligadas à cavalaria.

Porém, tanto o Facebook quanto a Graphika não fazem conexões dos oficiais ao comando do Exército. 

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De acordo com o Facebook, os perfis e páginas tentavam se passar por organizações da sociedade civil e ativistas interessados na preservação da Amazônia — foi a primeira vez que a rede social identificou uma rede do tipo atuando em questões ambientais.

O documento diz que alguns posts diziam que “nem todo o desmatamento da floresta é prejudicial”. Além disso, havia ataques a ONGs que atuam para a preservação do meio ambiente. 

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No relatório da Graphika, é citada a página NaturAmazon, organização ambiental inexistente que tinha 6.650 seguidores no Instagram e que operou entre maio e setembro de 2021.

Além de postar imagens de animais, a página costumava elogiar o governo no combate ao desmatamento e afirmava que o Brasil é líder na proteção ao meio ambiente. 

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A Graphika ainda afirma que a página postava sobre o suposto sucesso do governo e do Exército no combate ao desmatamento — a culpa pelo impacto ambiental negativo era transferida para os cidadãos em nível individual, ignorando causas sistêmicas nas ações.

“A NaturAmazon postava apenas notícias e estatísticas que apresentavam o governo e os militares de maneira positiva”, diz o documento.      

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Outra página citada é a O Fiscal das ONGs, que tinha 7 mil seguidores no Instagram e parou de postar em setembro de 2021. O objetivo do perfil, de acordo com a Graphika, era abalar a credibilidade de ONGs ambientais.

Entre os alvos estavam o Imazon, o Instituto Socioambiental (ISA), o Greenpeace e o WWF. 

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O Fiscal das ONGs costumava postar também partes de um filme produzido pela Brasil Paralelo.

A Graphika identificou também dois posts que incluíam falas do senador amazonense Plínio Valério (PSDB) sobre supostamente ter evidências de que ONGs querem comprar terras na Amazônia para atender a interesses estrangeiros. 

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A rede desmontada pelo Facebook teve uma fase anterior envolvimento com questões ambientais. Entre abril e junho de 2020, os perfis e páginas eram usados para criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL) e promover questões sociais.

De acordo com o documento, a rede fracassou para obter engajamento nessa fase e foi desativada. Ela só voltou a operar em maio de 2021 já na etapa ambiental, considerada a principal da operação. 

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Na sua 1ª fase, uma das páginas, chamada Resistência Jovem, postava memes, infográficos e manchetes de veículos de imprensa tradicionais que criticavam Bolsonaro, especialmente a sua atuação na pandemia. O perfil, porém, obteve apenas 531 seguidores. 

Outro perfil, Orgulho Sem Terra, postava conteúdo relacionado ao Movimento Sem Terra, além de críticas a Bolsonaro. 

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As duas fases claramente antagônicas em conteúdo não são explicadas pelo Facebook ou pela Graphika.

As duas empresas dizem focar apenas nas operações que resultam em comportamento coordenado inautêntico. O estudo da Graphika diz que “a atividade reforça a importância de analisar as operações dentro de um contexto social e político”.

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E diz ainda: “Isso é particularmente relevante no Brasil, que tem uma história de agentes com motivações políticas engajados em comportamento coordenado online prejudicial”.   

O documento cita as desavenças entre Bolsonaro e os militares, que resultaram nas trocas de comando nas Forças Armadas em março de 2021. 

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