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O administrador da Nasa, Bill Nelson, anunciou nesta quarta-feira (29) que a agência espacial dos Estados Unidos revelaria em 12 de julho a “imagem mais profunda do nosso universo já obtida”, graças ao recém-lançado Telescópio Espacial James Webb.
— Se você pensar sobre isso, este é o mais longe que a humanidade já viu — afirmou Nelson durante uma entrevista coletiva no Instituto de Ciências do Telescópio Espacial em Baltimore, o centro de operações do observatório de US$ 10 bilhões lançado em dezembro do ano passado e que agora orbita o Sol a 1,5 milhão de km da Terra.
Uma maravilha da engenharia, o Telescópio Webb é capaz de espiar mais longe no espaço do que qualquer outro telescópio já fez, graças ao seu enorme espelho principal e instrumentos de foco infravermelho, permitindo que sua visão atravesse gás e poeira cósmicos.
— O telescópio vai explorar objetos no sistema solar e as atmosferas de exoplanetas que orbitam outras estrelas, dando-nos pistas sobre se suas atmosferas são ou não semelhantes às nossas — acrescentou Nelson, falando por telefone.
— Isso pode responder a algumas perguntas que temos: de onde viemos? O que mais existe por aí? Quem somos? As capacidades de infravermelho do telescópio Webb nos permitem olhar mais para trás no tempo para o Big Bang, que ocorreu há 13,8 bilhões de anos — completou.
À medida que o universo se expande, a luz das primeiras estrelas muda de comprimentos de onda ultravioleta no espectro visível em que foi emitida para comprimentos de onda mais longos, correspondendo a comprimentos de onda infravermelhos que o Webb está pronto para detectar em uma resolução sem precedentes.
Atualmente, as observações mais distantes do cosmos estão dentro de 330 milhões de anos após o Big Bang, mas, com o Webb, os astrônomos acreditam que esse limite pode ser facilmente ultrapassado.
20 anos de vida
Em outra boa notícia, a administradora-chefe da Nasa, Pam Melroy, disse que, graças ao lançamento eficiente da Arianespace, parceira da agência americana, o telescópio Webb pode continuar operando por 20 anos, dobrando a faixa de durabilidade inicialmente considerada.
— Esses 20 anos não só nos permitirão aprofundar a história e o tempo, mas também a ciência, porque temos a oportunidade de aprender, crescer e fazer novas observações — analisou a diretora.
A Nasa também pretende compartilhar a primeira espectroscopia do Webb de um planeta distante, ou exoplaneta, em 12 de julho, de acordo com o cientista principal da agência espacial, Thomas Zurbuchen.
A espectroscopia é uma ferramenta para analisar a estrutura química e molecular de objetos distantes, e um espectro planetário pode ajudar a caracterizar sua atmosfera e outras propriedades, como a presença de água e a aparência de seu solo.
— Desde o início, vamos olhar para os mundos lá fora que nos mantêm acordados à noite quando olhamos para um céu estrelado”, acrescentou Zurbuchen.
O que é o telescópio James Webb
O telescópio espacial James Webb (JWST) é considerado o grande sucessor do Telescópio Espacial Hubble, lançado pela Nasa em 1990. James Webb será o observatório espacial mais potente do mundo e responderá perguntas sobre o nosso sistema solar, estudará exoplanetas — planetas que orbitam um sistema planetário diferente do nosso — e olhará para o universo de uma maneira mais profunda, complementando as descobertas do Hubble, com uma maior cobertura do comprimento de onda e uma sensibilidade mais acurada. Uma das principais diferenças é que o JWST tem 6,5 metros de diâmetro de espelho, enquanto seu antecessor tem 2,4 metros.
— Quanto maior o espelho, maior a capacidade de ampliar os objetos e de detectar a luz e radiação que eles emitem. Vai ser um telescópio muito mais potente do que o Hubble. Ele também vai operar numa faixa de frequência diferente, a faixa infravermelha, observando radiação térmica, o que faz com que seja possível observar objetos muito distantes — afirma Rogemar.
*Com informações de AFP