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Astrônomos europeus acreditam que podem ter testemunhado pela primeira vez o despertar de um enorme buraco negro em uma galáxia distante. O evento cósmico foi detectado pela primeira vez em 2019, quando um telescópio dos EUA observou um brilho incomum a cerca de 300 milhões de anos-luz de distância. Na época, os dados mostraram que a galáxia aparentemente calma próxima à constelação de Virgem havia misteriosamente começado a brilhar.
Uma equipe internacional então rastreou esse comportamento sem precedentes e descobriu que a galáxia estava gradualmente ficando mais brilhante e irradiando mais luz, diferente de qualquer outro evento típico visto antes. Eles acreditam que o brilho repentino está sendo causado por um enorme buraco negro que despertou no núcleo da galáxia, indica um estudo divulgado nesta terça-feira.
Se as descobertas forem validadas em estudos posteriores, será a primeira vez que os cientistas observam um buraco negro se tornando ativo em tempo real.
A descoberta surpreendeu Paula Sanchez Seez, astrônoma do Observatório Europeu do Sul (ESO, em inglês), na Alemanha, que publicou o estudo. Ela comentou que esse comportamento não tem precedentes. Imagine que você esteja observando uma galáxia distante há anos, e ela sempre pareceu calma e inativa. De repente, seu núcleo começa a apresentar mudanças drásticas de brilho, diferente de qualquer evento típico que tenhamos visto antes.
Buracos negros maciços existem no centro da maioria das galáxias e podem ter massas mais de 100 mil vezes maiores que a do Sol. A gravidade é tão forte nos buracos negros que a luz não consegue escapar e as leis normais da física se rompem.
Para o estudo, os pesquisadores compararam os dados do Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul com outros telescópios baseados na Terra. Eles descobriram que a galáxia, chamada SDSS1335+0728, está emitindo muito mais luz em comprimentos de onda ultravioleta, óptico e infravermelho do que antes.
A equipe disse que suas descobertas, a serem publicadas na revista Astronomy & Astrophysics, fornecerão informações valiosas sobre como os buracos negros crescem e evoluem e ajudarão a esclarecer o destino de Sagitário A, o buraco negro maciço no coração da Via Láctea.
No entanto, os pesquisadores afirmaram que são necessárias observações de acompanhamento para descartar explicações alternativas, como eventos de maré, em que uma estrela se aproxima demais de um buraco negro e é despedaçada. Tais eventos, no entanto, costumam ser breves, iluminando uma galáxia por não mais do que algumas centenas de dias. Contudo, serão necessárias mais medições para descartar esta possibilidade.