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### Engenheiros Descobrem Nova Maneira de Proteger Micróbios em Condições Extremas
Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) desenvolveram uma técnica inovadora para tornar micróbios resistentes a condições extremas, facilitando seu uso em saúde, agricultura e outras aplicações. A nova abordagem, que utiliza aditivos alimentares e medicamentos, foi testada com sucesso em micróbios que retornaram recentemente de uma viagem à Estação Espacial Internacional.
#### Resistência em Condições Adversas
A pesquisa, liderada por Giovanni Traverso, professor associado de engenharia mecânica no MIT e gastroenterologista no Brigham and Women’s Hospital, identificou formulações que estabilizam micróbios como leveduras e bactérias. Esses compostos, classificados como “geralmente considerados seguros” pela FDA, ajudam os micróbios a suportar altas temperaturas, radiação e processos industriais agressivos. “Tratava-se desse projeto de estabilização de organismos para condições extremas. Estamos realmente pensando em um amplo conjunto de aplicações, sejam missões ao espaço, aplicações humanas ou usos agrícolas”.
#### Desafio e Descoberta
O projeto teve início há seis anos, com financiamento do Instituto de Pesquisa Translacional para Saúde Espacial (TRISH) da NASA. Ao analisarem probióticos comerciais, os pesquisadores descobriram que muitos produtos continham menos bactérias vivas do que o indicado no rótulo, revelando a necessidade de maior estabilidade dos micróbios. Os testes focaram em quatro micróbios: Escherichia coli Nissle 1917 (probiótico), Ensifer meliloti (fixador de nitrogênio para plantas), Lactobacillus plantarum (fermentador de alimentos) e Saccharomyces boulardii (probiótico). A pesquisa visava encontrar aditivos que aumentassem a sobrevivência desses micróbios durante processos como a liofilização e a produção de comprimidos.
#### Resultados Promissores
Utilizando um método de misturar micróbios com cerca de 100 ingredientes diferentes, os pesquisadores identificaram açúcares e peptídeos que aumentaram a estabilidade dos micróbios em temperatura ambiente por 30 dias. A E. coli Nissle 1917, por exemplo, mostrou-se altamente resistente quando combinada com cafeína ou extrato de levedura e um açúcar chamado melibiose. Essa formulação, chamada de D, manteve uma taxa de sobrevivência superior a 10% após seis meses a 37°C, enquanto uma formulação comercial perdeu toda a viabilidade em 11 dias. A formulação D também resistiu a radiações ionizantes de até 1.000 cinzas, comparadas aos cerca de 15 micrograys diários na Terra e 200 micrograys diários no espaço.
#### Testes Espaciais
Em colaboração com Phyllis Friello, gerente de Ciência e Pesquisa do Centro Espacial Houston, várias cepas desses micróbios foram enviadas para a Estação Espacial Internacional no ano passado. As amostras, recentemente retornadas, estão sendo analisadas por Miguel Jimenez, ex-pesquisador do MIT e agora professor assistente de engenharia biomédica na Universidade de Boston. Jimenez destacou a importância desse “teste de estresse final”, que incluiu o transporte e armazenamento das amostras sem controle de temperatura, além das condições extremas no espaço.
Os resultados preliminares indicam que os micróbios não apenas sobreviveram, mas mantiveram suas funções. O Ensifer meliloti, por exemplo, continuou a formar nódulos simbióticos nas raízes das plantas e converter nitrogênio em amônia após exposição a 50°C. A E. coli Nissle 1917, por sua vez, inibiu o crescimento da Shigella flexneri, causadora de diarreia em países de baixa e média renda, em testes laboratoriais.
#### Publicação e Impacto
O estudo será publicado na prestigiada revista Nature Materials, apresentando uma nova fronteira na utilização de micróbios em condições extremas. As descobertas prometem avanços significativos em diversas áreas, desde a medicina até a exploração espacial, garantindo maior eficácia e segurança no uso de micróbios para diferentes fins.