Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.
RFI – Pelo menos 82 pessoas morreram e 110 ficaram feridas na madrugada deste domingo (25) no incêndio de um hospital para pacientes com Covid-19 em Bagdá. O incidente foi causado por cilindros de oxigênio “armazenados sem respeitar as condições de segurança” no hospital Ibn al-Khatib, na capital iraquiana.
Muitas vítimas estavam sob ventilação mecânica quando os cilindros de oxigênio explodiram, causando um incêndio que se espalhou rapidamente, de acordo com médicos e bombeiros.
A tragédia gerou uma onda de descontentamento entre os iraquianos. Médicos do país atribuíram a tragédia à negligência do governo, muitas vezes ligada à corrupção endêmica que assola o país. O país de 40 milhões de habitantes tem um sistema de saúde precário, que nunca se recuperou de quatro décadas de guerra.
O primeiro-ministro iraquiano, Mustafa Al Kazimi, anunciou três dias de luto nacional e a abertura de “uma investigação imediata”,com resultados esperados para as “próximas 24 horas”.
O primeiro-ministro suspendeu o chefe da saúde do leste de Bagdá, o diretor do hospital e os chefes de segurança e manutenção técnica. Eles estão sendo interrogados e ninguém – segundo ele – poderá ser liberado “até que os culpados sejam julgados”.
Sem proteção para incêndios
No meio da noite, quando dezenas de familiares acompanhavam “trinta pacientes em uma unidade de terapia intensiva” reservada para os casos mais graves da Covid em Bagdá, as chamas se espalharam pelos andares, segundo uma fonte médica.
“O hospital não tinha sistema de proteção contra incêndios e os tetos falsos permitiram que o fogo se propagasse para produtos altamente inflamáveis”, declarou a Defesa Civil.
“A maioria das vítimas morreu porque foi deslocada e ficou sem respiradores, e outras, sufocadas pela fumaça”, acrescentou.
Vídeos postados nas redes sociais mostram bombeiros tentando apagar as chamas enquanto os doentes e suas famílias tentam deixar o prédio nos arredores de Bagdá.
Amir, de 35 anos, relatou à agência AFP que “salvou por pouco seus irmãos que estavam no hospital”. “As pessoas se encarregaram de retirar os feridos”, disse.
É um “crime”, denunciou a Comissão governamental de Direitos Humanos, “contra pacientes exaustos pela Covid-19 que colocaram suas vidas nas mãos do Ministério da Saúde e que, em vez de serem curados, morreram nas chamas”.
Um milhão de casos de Covid
O Iraque, um país com escassez de medicamentos, médicos e hospitais há décadas, ultrapassou na quarta-feira a barreira de um milhão de casos de Covid-19. Mas registra um número de mortos relativamente baixo, provavelmente porque sua população é uma das mais jovens do mundo.
Segundo o Ministério da Saúde, 1.025.288 iraquianos foram infectados desde o surgimento do novo coronavírus no país em fevereiro de 2020, dos quais 15.217 morreram.