Há uma semana, desde o alerta de colapso em uma mina em Maceió capaz de formar uma cratera do tamanho do estádio do Maracanã, a Defesa Civil ainda mantém o estado de “alerta máximo”. A situação é preocupante devido à mudança na velocidade de cedência do solo na região da mina da Braskem, localizada no bairro do Mutange. Antes medida em milímetros por ano, a cedência agora atinge centímetros por hora, aumentando consideravelmente o risco.
“Apesar de não termos registrado sismos nas últimas horas, a velocidade de 0,3 cm/h ainda é muito elevada. Para voltarmos à normalidade, é necessário que a velocidade volte a milímetros por ano. Já tivemos momentos em que registramos 5 cm/h, mas ainda é uma velocidade considerável. Por isso, justifica-se que continuemos em alerta máximo. A energia que se concentra ali é incalculável e imprevisível”, disse o coordenador da Defesa Civil de Maceió, Aberlado Nobre.
O solo continua cedendo em ritmo lento, mas já afundou 1,70 metro desde o dia 28 de novembro. “Por isso, é necessário manter o alerta, deixar a população informada para que evite a região. Os pescadores também não devem entrar na área delimitada de segurança. É preciso que a população nos escute e tenha o máximo de atenção”, disse Nobre.
A instabilidade no solo foi agravada por décadas de mineração feita pela Braskem, que provocou a evacuação de mais de 14 mil imóveis em cinco bairros, afetando cerca de 60 mil pessoas. A empresa encerrou a extração de sal-gema em 2019, mas a situação não se estabilizou.
A região tem outras 34 minas de responsabilidade da Braskem. Na área da mina 18, que pode colapsar, o solo cede 0,3 cm/h. Nas últimas 24 horas, desde a tarde de sábado (2) até a tarde deste domingo (3), o deslocamento de terra foi de 7,4 cm.
O Ministério de Minas e Energia afirmou neste domingo (3) que o afundamento do bairro de Mutange em Maceió está estabilizado e que, se houver desabamento, será “localizado”. A área no entorno do Mutange já foi completamente evacuada, assim como na maior parte dos bairros vizinhos, Bom Parto, Bebedouro e Pinheiro.
De acordo com a Braskem, a acomodação do solo da mina pode ocorrer de forma gradual até a estabilização ou de forma abrupta. A mineradora afirma que vem adotando as medidas para o fechamento definitivo dos poços de sal, conforme plano apresentado às autoridades e aprovado pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Esse plano registra 70% de avanço nas ações, e a conclusão dos trabalhos está prevista para meados de 2025.