Destaques|Saúde

Cientistas identificam a causa da aura e a conexão com a dor da enxaqueca

Foto: Divulgação

Uma pesquisa inovadora revelou a interação entre ondas de interrupção e o fluxo de líquidos no cérebro como um gatilho para dores de cabeça, elucidando a conexão entre sintomas neurológicos da aura e a enxaqueca subsequente. O estudo identificou novas proteínas que podem ser alvos para futuros tratamentos. “Descrevemos a interação entre o sistema nervoso central e periférico, provocada pelo aumento das concentrações de proteínas liberadas no cérebro durante a despolarização disseminada, responsável pela aura das enxaquecas;

” disse Maiken Nedergaard, codiretor do Centro de Neuromedicina Translacional da Universidade de Rochester e autor principal do estudo publicado na revista Science. “Essas descobertas oferecem novos alvos para prevenir e tratar enxaquecas, fortalecendo as terapias existentes.” Cerca de 10% da população mundial sofre de enxaqueca, com um quarto desses casos precedidos por uma aura. Este distúrbio sensorial pode incluir flashes de luz, pontos cegos, visão dupla e sensações de formigamento ou dormência nos membros, surgindo entre cinco a 60 minutos antes da dor de cabeça.

CONTINUE LENDO APÓS O ANÚNCIO

### Causa da aura e depressão cortical disseminada

A aura é causada pela depressão cortical disseminada, uma despolarização temporária de neurônios e outras células devido à difusão de glutamato e potássio. Esse fenômeno reduz os níveis de oxigênio e prejudica o fluxo sanguíneo, geralmente ocorrendo no córtex visual, o que explica os sintomas visuais iniciais.

CONTINUE LENDO APÓS O ANÚNCIO

### Comunicação entre cérebro e nervos periféricos

Embora a origem das enxaquecas seja cerebral, o cérebro não sente dor diretamente. Os sinais de dor são transmitidos do sistema nervoso central para o periférico, responsável pela comunicação entre o cérebro e o corpo, incluindo os nervos sensoriais que transmitem informações como toque e dor. Até recentemente, a forma como essa comunicação ocorria durante uma enxaqueca era um mistério.

CONTINUE LENDO APÓS O ANÚNCIO

### Avanços em fluidodinâmica cerebral

Nedergaard e colegas, pioneiros na compreensão do fluxo de fluidos no cérebro, descreveram o sistema glinfático em 2012, que usa líquido cefalorraquidiano (LCR) para eliminar proteínas tóxicas. Em parceria com especialistas em dinâmica de fluidos, construíram modelos detalhados do movimento do LCR e seu papel no transporte de substâncias no cérebro.

CONTINUE LENDO APÓS O ANÚNCIO

### Identificação de novas proteínas-alvo

O estudo, conduzido em camundongos, revelou que, à medida que a despolarização se espalha, os neurônios liberam proteínas inflamatórias no LCR. Essas proteínas são transportadas para o gânglio trigeminal, uma estrutura na base do crânio responsável pelas sensações na cabeça e rosto. Descobriu-se uma lacuna na barreira hematoencefálica que permite ao LCR alcançar diretamente o gânglio trigeminal, expondo os nervos sensoriais a proteínas liberadas pelo cérebro.

CONTINUE LENDO APÓS O ANÚNCIO

### Proteínas associadas à enxaqueca

Foram identificadas doze proteínas ligantes que se ligam a receptores nos nervos sensoriais do gânglio trigeminal, ativando essas células. A concentração dessas proteínas no LCR mais que dobrou após a depressão cortical disseminada. Uma das proteínas, o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), já é alvo de medicamentos para enxaqueca. Outras proteínas identificadas também desempenham papel em condições de dor neuropática e podem ser importantes em enxaquecas.

CONTINUE LENDO APÓS O ANÚNCIO

### Implicações para novos tratamentos

“Identificamos uma nova via de sinalização e moléculas que ativam nervos sensoriais no sistema nervoso periférico. Algumas já eram associadas à enxaqueca, mas não sabíamos onde e como agiam,” disse Martin Kaag Rasmussen, pós-doutorando na Universidade de Copenhague e coautor do estudo. “Definir o papel desses pares ligante-receptor pode permitir a descoberta de novos alvos farmacológicos, beneficiando pacientes que não respondem às terapias atuais.” O transporte de proteínas de um lado do cérebro atingindo principalmente os nervos do gânglio trigeminal do mesmo lado pode explicar por que a dor ocorre em um lado da cabeça na maioria das enxaquecas, oferecendo novas perspectivas para tratamentos direcionados, específicos e individualizados.

CONTINUE LENDO APÓS O ANÚNCIO

© 2024 Todos os direitos reservados Gazeta Brasil.

Sair da versão mobile