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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central concluirá nesta quarta-feira (19) a reunião para definir a nova taxa básica de juros do Brasil. Instituições financeiras consultadas pelo Banco Central esperam que a Selic seja mantida em 10,5% ao ano, encerrando o ciclo de cortes iniciado em agosto de 2023. Essa estimativa foi divulgada no Boletim Focus de segunda-feira (17), uma pesquisa semanal que apresenta expectativas para os principais indicadores econômicos.
Em sua última reunião, no início de maio, o Copom reduziu a taxa pela sétima vez consecutiva, para 10,5% ao ano, mas a velocidade dos cortes diminuiu. Desde agosto do ano passado até março deste ano, a Selic foi reduzida em 0,5 ponto percentual a cada reunião. No entanto, a última redução foi de 0,25 ponto percentual.
De acordo com o comunicado do Copom, a decisão foi tomada porque “o ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países”. Além disso, os membros do comitê manifestaram preocupação com as expectativas de inflação acima da meta e, “em meio a um cenário macroeconômico mais desafiador do que o previsto anteriormente”, não previram novos cortes na Selic. A ata da última reunião indica que “a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
A votação não foi unânime. “Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual os seguintes membros do comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros: Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira”, conforme o texto oficial.
Entre março de 2021 e agosto de 2022, o Copom aumentou a Selic por 12 vezes consecutivas, em resposta à alta dos preços de alimentos, energia e combustíveis. De agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas. Com o controle dos preços, o Banco Central iniciou os cortes na Selic.
O mercado financeiro prevê que a Selic encerrará 2024 em 10,5% ao ano. Para o fim de 2025, a estimativa é que a taxa básica caia para 9,5% ao ano, e para 2026 e 2027, a previsão é que ela seja reduzida para 9% ao ano.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para alcançar a meta de inflação. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que impacta os preços, pois juros mais altos encarecem o crédito e incentivam a poupança. Além da Selic, os bancos consideram fatores como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas ao definir os juros cobrados dos consumidores, de modo que taxas mais altas também podem dificultar a expansão econômica.
Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito se torne mais barato, incentivando a produção e o consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica. Antes do ciclo de alta, a Selic havia sido reduzida para 2% ao ano, o nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986, em resposta à contração econômica gerada pela pandemia de Covid-19. A taxa permaneceu nesse patamar de agosto de 2020 a março de 2021.
A previsão do mercado financeiro para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), considerado a inflação oficial do país, subiu de 3,9% para 3,96% este ano. Para 2025, a projeção da inflação aumentou de 3,78% para 3,8%, e para 2026 e 2027, as previsões são de 3,6% e 3,5%, respectivamente.
A estimativa para 2024 está dentro do intervalo da meta de inflação perseguida pelo Banco Central, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, resultando em um limite inferior de 1,5% e superior de 4,5%. Para 2025 e 2026, as metas de inflação estão fixadas em 3%, com a mesma tolerância.
Em maio, pressionada pelos preços de alimentos e bebidas, a inflação foi de 0,46%, após registrar 0,38% em abril. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), em 12 meses, o IPCA acumula 3,93%.
A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira este ano variou de 2,09% para 2,08%. Para 2025, a expectativa é de crescimento de 2%, e para 2026 e 2027, a estimativa é de expansão do PIB também em 2% para ambos os anos.
Superando as projeções, a economia brasileira cresceu 2,9% em 2023, alcançando um valor total de R$ 10,9 trilhões, segundo o IBGE. Em 2022, a taxa de crescimento havia sido de 3%.
A previsão para a cotação do dólar é de R$ 5,13 para o fim deste ano, com uma previsão de R$ 5,10 para o fim de 2025.