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As queimadas e a seca que afetam os principais biomas do Brasil já estão provocando um aumento nos preços dos alimentos, com a inflação projetada em 6,3% até o final do ano, conforme estudo do Bradesco divulgado na quinta-feira (19).
Além dos alimentos, os preços da energia também estão em alta, com o acionamento da bandeira vermelha nas contas de luz.
O Bradesco aponta que muitos dos efeitos da seca já foram mapeados e considerados nas projeções, mas o retorno das chuvas será crucial para definir a situação energética e alimentar nos próximos meses. Nos cálculos dos economistas do banco, os preços dos alimentos in natura acumulam alta superior a 10% nos últimos 12 meses até agosto, enquanto o preço dos cereais disparou quase 20%.
No setor de carnes, houve uma deflação de 0,4% nos últimos 12 meses, mas a pressão por aumentos deve elevar a inflação da proteína animal para 5,8% em 2024. Em comparação, a inflação de alimentos no domicílio, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acumulou alta de 4,6% no mesmo período, e em 2023 os preços dos alimentos consumidos em casa apresentaram uma deflação de 0,5%.
Em janeiro deste ano, a estimativa do Bradesco previa uma alta de cerca de 4,5% nos preços dos alimentos em 2024, com um viés de baixa. No entanto, os impactos da seca em várias culturas e a demanda doméstica mais aquecida do que o esperado, além de uma depreciação de cerca de 12% no câmbio, mudaram esse cenário, segundo as economistas Mariana Freitas e Priscila Trigo.
Para 2025, as economistas projetam um arrefecimento. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) espera uma safra recorde de grãos no próximo ano, com um aumento de 9,6% em relação à safra anterior, impulsionada por soja e arroz, o que pode trazer alívio para os preços praticados no Brasil, desde que as chuvas voltem à regularidade em outubro.
A análise também destaca que a chuva tem sido escassa nos reservatórios do sistema elétrico, com níveis significativamente menores em comparação a 2023, especialmente no Sudeste, que concentra a maior capacidade de armazenamento do país. Os reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) estão com cerca de 50% da capacidade, com a expectativa de que esse número caia para cerca de 40% até o final do ano. Embora não seja um nível crítico como em 2021, a situação já gerou preocupações no governo e na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O estudo indica que a bandeira vermelha 2 deve ser adotada no próximo mês, com a possibilidade de retorno à bandeira amarela no final do ano. Os impactos no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) são estimados em +0,13 pontos percentuais no caso da bandeira vermelha 1 e +0,29 pontos percentuais para a bandeira vermelha 2.