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Na 16ª Cúpula dos líderes do Brics, que ocorrerá na Rússia, serão definidos os critérios para que outros países possam se associar ao bloco como parceiros, uma modalidade distinta da de membro pleno. Já foram estabelecidos alguns critérios, que incluem a defesa da reforma das Nações Unidas, especialmente do Conselho de Segurança, a manutenção de relações amigáveis com os membros atuais, como Rússia, China e Irã, e a não aprovação de sanções econômicas sem autorização da ONU.
Os chefes de Estado dos países membros, entre eles o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, se reunirão em Kazan, na Rússia, de 22 a 24 de outubro para discutir esses critérios. O Itamaraty informou que as negociações estão em fase avançada.
O embaixador Eduardo Paes Saboia, secretário do Itamaraty de Ásia e Pacífico, explicou que o Brasil optou por não indicar países para associação, enfatizando que o essencial é discutir os critérios antes de avaliar quais nações se encaixam neles. Ele ressaltou que esses critérios não devem divergir significativamente dos requisitos para membros plenos.
Atualmente, existem várias dezenas de países interessados em se juntar ao Brics como parceiros associados. O bloco conta com dez membros plenos, incluindo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de cinco novos membros permanentes que se juntaram ao grupo neste ano: Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.
Saboia também mencionou que a representação geográfica é um dos critérios para a aceitação de novos estados associados, observando que algumas regiões estão sub-representadas no Brics.
A Argentina, que poderia representar a América Latina como membro permanente, decidiu não ingressar no bloco após a vitória do ultradireitista Javier Milei no final do ano passado.
O representante do Ministério das Relações Exteriores para o Brics enfatizou que é fundamental que os países associados não apoiem sanções sem autorização do Conselho de Segurança e que defendam a reforma da ONU. Ele destacou que o Brics não pode ser apenas um ator que clama pela reforma da governança global, mas que também deve ter uma posição proativa em relação a essa reforma, especialmente no que diz respeito ao Conselho de Segurança. Essa posição é importante não apenas para o Brasil, mas também para outros países como Índia e África do Sul, que têm defendido essa causa.
Outro tema importante da Cúpula do Brics será a discussão sobre como reduzir a dependência do dólar nas transações comerciais entre os países do bloco, além de fortalecer instituições financeiras alternativas ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial, que são dominados por potências ocidentais.
O embaixador brasileiro comentou que esse assunto tem sido abordado nas reuniões de ministros das Finanças e dos Bancos Centrais, com representantes brasileiros trabalhando arduamente nas discussões. Ele expressou a expectativa de que esses esforços continuem e se reflitam na declaração de Kazan.
Essa declaração servirá como documento final, apresentando a posição dos líderes do Brics após a cúpula. O Brasil assumirá a presidência do bloco no próximo ano, dando continuidade às negociações para aumentar o uso das moedas nacionais dos países membros no comércio internacional.
O governo russo anunciou que 32 países confirmaram presença no evento, com 24 deles representados por líderes de Estado. Dos dez membros do bloco, nove serão representados por chefes de Estado, com a exceção da Arábia Saudita, que enviará o ministro de Relações Exteriores.
O Brics, que surgiu em 2006 como um fórum de discussões entre Brasil, Índia, China e Rússia, agora representa cerca de 36% do Produto Interno Bruto global, superando o G7, que reúne as maiores economias do mundo e concentra aproximadamente 30% do PIB mundial. A primeira cúpula de chefes de Estado do Brics ocorreu em 2009, e a África do Sul se juntou ao grupo em 2011, que passou a se chamar Brics.