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O humorista Léo Lins criticou a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que bloqueou seu canal no YouTube e determinou o bloqueio de R$ 300 mil nas suas contas bancárias. O humorista está sendo processado por fazer piadas com grupos considerados minoritários, e se condenado, pode ser preso por até dez anos.
Em publicação no Instagram, Lins questionou os objetivos apresentados pelo Ministério Público de São Paulo para a decisão judicial. Segundo o humorista, entre os objetivos estão “cessar as atividades criminosas”, “assegurar a confiança da sociedade civil nas instituições estatais” e “suspensão do exercício de atividade econômica”.
“Será que alguém em sã consciência e livre de ideologias políticas acha que meu canal de humor é uma facção criminosa?”, escreveu Lins. “Que a sociedade civil espera das instituições estatais é o combate de piadas? É justo, sob o suposto manto da proteção ao ataque covarde das minorias, o estado usar seu poder para esmagar um indivíduo, chegando a declarar o objetivo de eliminar sua fonte de renda?”
A denúncia do Ministério Público menciona a chamada “lei antipiadas”, sancionada pelo presidente Lula em janeiro. A lei enquadra como crime de racismo a contação de piadas sobre grupos que possam ser considerados minoritários. As novas regras preveem que a pena máxima para piadas com esses grupos seja maior do que para crimes como furto e sequestro.
Lins também relembrou o caso do humorista afegão Nazar Mohammad, que foi sequestrado e morto em julho de 2021 por causa de suas piadas sobre o Talibã. O humorista foi sequestrado em sua cidade, Candaar, e espancado e alvejado múltiplas vezes com tiros de arma de fogo.
“Tenho certeza de que as pessoas envolvidas no meu processo creem agir em nome do bem”, afirmou Lins. “Elas acreditam estar combatendo o mal, e estão utilizando todas as armas a seu dispor para acabar com o crime e o suposto pecador. Porém, o Estado Islâmico, por exemplo, comete atrocidades em nome do bem. Eles utilizam o poder que possuem para combater os infiéis, pecadores que aos seus olhos cometem crimes de ódio de acordo com as leis deles.”
Por fim, o humorista pediu não por privilégios, mas por justiça. Segundo Lins, outras pessoas podem contar piadas sobre os mesmos assuntos que ele sem despertar as mesmas reações do Ministério Público ou do Poder Judiciário.
“Se todos são iguais perante a lei, por que todos podem contar piadas, por exemplo, sobre surdos, mas no meu caso vira um crime passível de tamanhas punições?”, concluiu.