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O produtor e arranjador musical Quincy Jones morreu no domingo (03), aos 91 anos, em sua casa em Bel Air, Los Angeles, Estados Unidos, cercado pela família, conforme informou seu assessor, Arnold Robinson. Em comunicado, a família manifestou pesar pelo falecimento do músico, descrevendo a perda como dolorosa, mas ressaltou a celebração da vida que ele viveu, destacando que “nunca haverá outro como ele”.
Com uma carreira brilhante, Jones acumulou 28 prêmios Grammy, dois Oscars honorários e um Emmy. Ele produziu álbuns icônicos de Michael Jackson, como Off The Wall (1979), Thriller (1983) e Bad (1987), que marcaram o início da fase adulta da carreira solo do cantor, após deixar o grupo The Jackson Five. Thriller, lançado em 1983, vendeu mais de 20 milhões de cópias no primeiro ano, tornando-se um dos discos mais vendidos da história. Foi ideia de Jones incluir o ator Vincent Price na introdução da faixa-título e o guitarrista Eddie Van Halen no solo de “Beat It”, segundo a Associated Press.
Em uma entrevista à Biblioteca do Congresso dos EUA, em 2016, Jones destacou o papel do produtor no sucesso das obras, afirmando que, assim como o produtor é responsabilizado quando um álbum fracassa, o sucesso também deve ser creditado a ele. “As faixas não aparecem de repente. O produtor precisa ter habilidade, experiência e capacidade para guiar a visão até a conclusão”, refletiu.
Jones também foi o responsável pela produção de We Are The World, projeto de 1985 que reuniu estrelas da música para arrecadar fundos contra a pobreza na África. Lionel Richie, coautor da música ao lado de Michael Jackson, descreveu Jones como um “mestre orquestrador”. A iniciativa contou com a participação de nomes como Bob Dylan, Billy Joel, Stevie Wonder, Cindy Lauper e Bruce Springsteen.
Além de Michael Jackson e Lionel Richie, Jones fez arranjos para lendas como Frank Sinatra e Ella Fitzgerald e excursionou com músicos de jazz como Count Basie, Lionel Hampton e Billie Holiday. Também é autor da trilha de abertura da série Um Maluco no Pedaço.
Natural de Chicago, Jones lembrava com carinho dos hinos religiosos que sua mãe, Sarah Frances, costumava cantar, memórias musicais que marcaram sua infância. Quando ele tinha sete anos, Sarah foi diagnosticada com esquizofrenia, e o músico descreveu esse período como um momento em que o “mundo ficou sem sentido”. Segundo ele, existiam apenas dois tipos de pessoas: as que tinham cuidadores carinhosos e as que não tinham, sem meio-termo, conforme explicou em entrevista a Oprah Winfrey.
Em sua juventude, Jones chegou a se envolver com gangues em Chicago, mas logo encontrou no piano, na casa de um vizinho, uma nova direção. Anos depois, começou a tocar trompete e se tornou amigo do então jovem músico Ray Charles. Já nos anos 1960, com uma carreira consolidada, assumiu a vice-presidência da gravadora Mercury Records. Em 1971, ele se tornou o primeiro diretor musical negro a comandar uma cerimônia do Oscar.
Em sua autobiografia, Jones revelou que a música era sua válvula de escape, o único mundo onde encontrava liberdade. “Eu não precisava buscar respostas fora do sino da minha trombeta e das partituras que riscava a lápis. A música me tornou completo, forte, popular, autoconfiante e ‘cool’”, relatou.