Coronavírus

MPRJ ajuiza ação contra fundação por superfaturamento em compras

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O Ministério Público do Rio de Janeiro ajuizou ação civil pública de improbidade administrativa contra a Fundação Leão XIII, dois dirigentes da entidade e a empresa Cesta de Alimentos Brasil. De acordo com a ação, foram identificas ilegalidades graves, como sobrepreço e superfaturamento, no contrato celebrado entre a fundação e a empresa para o fornecimento de 200 mil cestas básicas para o projeto Mutirão Humanitário. O contrato, no valor de R$ 21,6 milhões, foi firmado sem licitação.

O Mutirão Humanitário foi criado pelo governo do estado para distribuir, em caráter emergencial durante a pandemia de covid-19, cerca de 1 milhão de cestas básicas a famílias em situação de vulnerabilidade social, inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).

As investigações mostraram que a coleta de propostas de preços foi feita por meio de solicitação de cotação aos fornecedores cadastrados no Sistema Integrado de Gestão de Aquisições do Estado do Rio de Janeiro (Siga).

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Os documentos anexados à ação mostram que foram remetidos e-mails a 53 fornecedores cadastrados no Siga e a um fornecedor não cadastrado, com retorno de apenas três sociedades empresariais, entre elas, a que não estava registrada no sistema, causando estranheza o fato de que 51 empresas não tenham respondido ao chamamento, mesmo que para manifestar o desinteresse em apresentar proposta.

A 4ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital contatou 34 dessas sociedades empresariais e obteve retorno de 11 delas. As empresas disseram não ter sido consultadas pela Fundação Leão XIII, fato que comprova a má-fé dos demandados em tentar conferir legitimidade para a contratação, segundo o MP.

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Suspensão do pagamento

Diante das supostas ilegalidades, o MP pede que a Justiça determine, em caráter de urgência, que a Fundação Leão XIII abstenha-se de efetivar o pagamento à sociedade empresária Cesta de Alimentos Brasil Ltda, do valor correspondente ao sobrepreço apurado, que soma R$ 2,8 milhões, o qual leva em conta o valor apurado por cesta (R$ 14,26). O MP pede que os pagamentos remanescentes para quitação total do contrato não ultrapassem R$ 1 milhão.

Além disso, o MP quer que a fundação deixe de realizar novos processos de compra e de celebrar novos contratos de aquisição de cestas básicas, por consistir em desvirtuamento da função institucional da Fundação Leão XIII.

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A Fundação Leão XIII tem por finalidade proporcionar assistência aos grupos populacionais de baixa renda, em especial os residentes em favelas, conjuntos habitacionais, e localidades da periferia, por meio de programas sociais e de apoio à saúde, visando prioritariamente a elevação do nível de vida, integração social e o resgate da cidadania.

Defesa

Por meio de nota, a Cesta de Alimentos Brasil (CAB) esclarece “que foi convidada a apresentar proposta de preços para fornecimento de cestas de alimentos e material de limpeza, sagrando-se vencedora por apresentar menor preço, compatível com tabela de preços do Tribunal de Contas do Estado e da FGV [Fundação Getulio Vargas]. Além disso, o MP realizou visita técnica na unidade da empresa, constatando a plena capacidade de fornecimento, estrutura e logística compatíveis com o pedido efetuado.”

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Ainda no documento, a empresa afirma ter cumprido suas obrigações de forma ética e transparente e se coloca à disposição para prestar esclarecimentos às autoridades.

Fundação Leão XIII

Em nota, a Fundação Leão XIII reconhece a importância do papel do Ministério Público na fiscalização, mas considera a acusação açodada e descabida. A fundação afirma ter enviado proposta a 53 empresas cadastradas, mas só recebido respostas de três delas.

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A entidade afirma ainda ter consultado as tabelas de compras do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do painel de compras do governo federal e ter feito a aquisição por valor inferior ao teto sugerido pelos dois órgãos.

“Todo o processo de compras já foi auditado pela Controladoria Geral do Estado (CGE), que descartou a possibilidade de sobrepreço. Sendo assim, a Fundação Leão XIII acredita que tudo será esclarecido pela Justiça”, diz o documento.

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