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Em entrevista recente à Revista Veja, o Ministro da Economia Paulo Guedes resolveu expor as entranhas do sistema. O monstro devorador de liberdades chamado establishment fez algumas vítimas em Brasília; algumas fatais.
Guedes contou parte de um plano sórdido para derrubar o presidente Jair Messias Bolsonaro que envolvia figurões dos poderes da República como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia e o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.
Segundo o “Posto Ipiranga” do governo, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub foi “sacrificado” como sinal para Gilmar Mendes de que o governo estaria disposto a selar um “acordo de paz” e evitar um processo de impeachment que havia sido arquitetado por opositores durante jantares caros e sussurros nos corredores vazios de Brasília. Na época, a demissão de Weintraub marcou uma mudança de comportamento do Chefe de Estado diante das imposições ditatoriais do Supremo.
De acordo com a sua versão, Guedes teria impedido a queda de Jair Bolsonaro ao “articular” a rendição do governo. A bandeira branca subiu, o tom contra o STF abaixou.
“Tinha cronograma. Em sessenta dias iriam fazer o impeachment. Tinha gente da Justiça, tinha o Rodrigo Maia, tinha governadores envolvidos. O Doria ligou para mim e disse assim: ‘Paulo, é a chance de salvar a sua biografia. Esse governo não vai durar mais de sessenta dias. Faz um favor? Se salva’”, disse o ministro.
Sim, João Doria, uma espécie de office boy do Partido Comunista Chinês no Brasil, sabia do plano e alertou Guedes.
“Nessa hora, eu interferi. Disse que estávamos caindo numa armadilha, que o script já estava montado, que aquilo era inapropriado. Os generais presentes me apoiaram. Sugeri ao presidente mandar o Weintraub para o Banco Mundial, em junho. A partir daí, as coisas se acalmaram entre o governo e o STF”, contou o ministro da Economia.
O cenário até aquele momento dizia que uma grande contra-revolução popular se avizinhava. Apoiadores do governo saíam de suas casas todos os domingos para sustentar as mudanças que viriam com uma provável ruptura entre governo e establishment. A Suprema Corte perseguia apoiadores de Bolsonaro por crime de opinião. A panela de pressão estava prestes a estourar. Foi naquele momento que o jogo virou para o sistema.
“A partir daí as coisas se acalmaram entre o governo e o STF”. Também foi a partir daí que a porteira se abriu. Munidos da convicção de que ninguém lhes impediria, ministros decidiram avançar agendas contrárias aos interesses da população, intensificaram os atentados à Constituição Federal. Os poderes do presidente da República foram suprimidos e o judiciário tomou de assalto as competências do poderes Legislativo e Executivo.
Guedes não viu, mas as mãos do presidente foram amarradas naquele dia. Guedes não percebeu, mas o prenúncio do golpe, que impediu o avanço conservador no Planalto, foi o próprio golpe.