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O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, defendeu nesta sexta-feira (02) a boxeadora argelina Imane Khelif, que se tornou alvo de críticas da extrema direita em vários países devido à sua participação nas Olimpíadas de Paris.
Classificada para as quartas de final na categoria até 66 kg após a desistência da italiana Angela Carini, Khelif nasceu mulher, mas apresenta níveis de testosterona superiores à média. Isso resultou em sua exclusão de um campeonato mundial pela Associação Internacional de Boxe (IBA), cujos critérios não são reconhecidos pelo COI.
“Ela é mulher e compete há seis anos em nível internacional”, disse Bach à agência de notícias italiana ANSA nesta sexta após uma reunião com a premiê da Itália, Giorgia Meloni, que havia criticado a luta entre Khelif e Carini, afirmando que não era uma disputa entre iguais.
“Concordamos em manter contato para tornar a situação mais compreensível e em melhorar o background científico sobre o qual conversamos”, completou o presidente do COI.
A argelina Imane Khelif “nasceu mulher, foi registrada como mulher, vive sua vida como mulher, luta boxe como mulher. Não se trata de um caso de transexualidade”, afirmou o porta-voz do COI, Mark Adams, também nesta sexta.
Nos últimos dias, diversos expoentes do governo Meloni criticaram Imane Khelif, a começar pelo vice-premiê e ministro da Infraestrutura, Matteo Salvini, que chamou a boxeadora argelina de “homem”.
Classificada por veículos de imprensa como “transgênero”, Khelif é uma pessoa intersexo, ou seja, possui características dos dois sexos. Ela nasceu e se identifica como mulher, mas produz níveis de testosterona compatíveis com os de homens.
Um caso semelhante é o da ex-judoca brasileira Edinanci Silva, que conquistou dois bronzes em campeonatos mundiais e dois ouros em Jogos Pan-Americanos.
Khelif participou normalmente das Olimpíadas de Tóquio em 2021, sendo eliminada pela irlandesa Kellie Harrington.