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A tensão entre as seleções de futebol da Nigéria e da Líbia atingiu um novo patamar, parecendo se transformar em um conflito diplomático, após um incidente caótico no aeroporto de Al Abraq, na Líbia. Os jogadores nigerianos ficaram presos sem comida nem bebida e sua negativa em jogar a partida de volta em protesto atraiu a atenção da comunidade esportiva internacional.
O primeiro confronto entre as equipes ocorreu em um jogo classificatório para a Copa Africana de Nações, realizado na Nigéria, onde as Super Águias venceram por 1 a 0, com um gol no último minuto de Fissayo Dele-Bashiru. Contudo, o clima se tornou tenso após a seleção líbia denunciar “maus tratos” durante essa partida. A revanche estava marcada para esta terça-feira, no Estádio dos Mártires de Fevereiro, em Benina, mas os jogadores nigerianos se negaram a participar.
Após a vitória em casa, a equipe nigeriana enfrentou sérias dificuldades ao viajar para a Líbia. De acordo com relatos da imprensa africana, seu voo para Bengasi foi desviado sem explicação aparente para o aeroporto de Al Abraq, onde ficaram retidos por mais de 12 horas. O local, distante quatro horas de Bengasi, apresentou condições desumanas durante a espera, conforme denunciado pelos jogadores.
Wilfred Ndidi, estrela do Leicester City, expressou sua indignação nas redes sociais, afirmando que os jogadores foram tratados como “reféns”. Victor Boniface, do Bayer Leverkusen, também se manifestou, ressaltando a falta de recursos essenciais como comida e um lugar para descansar. “Estou há quase 13 horas no aeroporto, sem comida, sem Wi-Fi e sem um lugar para dormir. Na África, podemos fazer melhor”, escreveu o atacante de 23 anos.
Victor Osimhen, destaque do Napoli e que não estava presente na seleção nesta janela da FIFA, também apoiou os colegas, chamando a situação de inumana e pedindo intervenção da Confederação Africana de Futebol (CAF). “Estou decepcionado com o tratamento injusto que meus irmãos e treinadores estão recebendo no aeroporto da Líbia. Ações como essa vão contra o espírito esportivo. Meu apoio está com meu time, e eles permanecerão fortes, apesar dos obstáculos. Peço à CAF para intervir, pois meus companheiros e diretores continuam presos no aeroporto. Isso é injustificável e desumano. Estamos unidos, mais fortes do que nunca”, escreveu em sua conta no Instagram.
Em protesto, o capitão nigeriano, William Troost-Ekong, decidiu junto com a equipe não jogar a partida de volta. Ele descreveu o tratamento recebido como “vergonhoso”, culpando o governo líbio por não fornecer alojamento adequado e criar um ambiente inseguro.
A seleção da Nigéria solicitou ajuda ao governo de seu país para resolver a crise e decidiu firmemente não prosseguir com o jogo. Diante da falta de segurança e do medo de represálias, a possibilidade de continuar a viagem por estrada foi completamente descartada.
Em resposta, a Líbia argumentou que também enfrentou problemas durante a viagem à Nigéria antes do primeiro encontro. Faisal Al Badri, capitão líbio, denunciou a logística caótica na chegada à Nigéria e acusou a Federação de Futebol da Nigéria (NFF) de dificultar sua entrada e causar atrasos significativos.
No entanto, Emmanuel Ayanbunmi, diretor adjunto da NFF, desmentiu as acusações, afirmando que a desorganização foi resultado da falta de comunicação sobre as mudanças de voo da delegação líbia, que ignorou os arranjos de transporte organizados pela NFF, resultando em desconforto.
A vitória da Nigéria no primeiro jogo era crucial para sua classificação para a Copa Africana de Nações 2025. Contudo, o incidente fez com que os jogadores nigerianos desistissem de jogar a partida de volta na Líbia. Victor Ikpeba, ex-jogador da seleção nacional que acompanhou a equipe, apoiou a decisão dos atletas e pediu sanções contra a Líbia. “Se a CAF fizer seu trabalho, a Líbia deveria ser expulsa do futebol internacional. É um país de alto risco, e nos perguntamos quem autorizou que eles joguem em seu próprio território. Joguei pelas Super Águias por 10 anos e nunca vi o que testemunhei nas últimas horas. Os jogadores aqui não estão seguros. Fomos trancados em um aeroporto abandonado como reféns”, declarou Ikpeba.