Esportes

PCC expande seus tentáculos para o futebol português

Reprodução

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O Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das facções criminosas mais poderosas do Brasil, tem demonstrado um crescente poder de atuação internacional, ultrapassando fronteiras e até continentes. De acordo com uma matéria publicada pelo jornal português Público, a facção está envolvida na administração do Fafe, um clube da terceira divisão de Portugal. A revelação coloca em foco o uso do esporte como possível fachada para atividades ilegais e lavagem de dinheiro.

Em resposta às denúncias, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) informou que irá investigar o caso, com o Conselho de Disciplina da entidade também conduzindo uma apuração detalhada sobre o envolvimento do PCC. A suspeita é de que, em 2023, o PCC tenha tentado adquirir outros clubes portugueses, como Varzim, Felgueiras e Vilaverdense, por meio de ofertas para comprar as Sociedades Anônimas do Futebol (SAF). Essas tentativas teriam envolvido pessoas com ligações estreitas à facção criminosa brasileira.

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Entre os envolvidos nas negociações, destaca-se Ulisses Jorge, empresário e agente de jogadores, que, segundo o Público, tem sido uma figura central no processo. Outro personagem mencionado no relatório é um indivíduo que já foi preso em 2010 por tentar assaltar um banco na Bahia, no Brasil.

Apesar da gravidade das alegações, a Associação Desportiva Fafe, clube português envolvido, emitiu uma nota oficial negando qualquer vínculo ilegal com os empresários citados. “Não é verdadeira e é leviana a informação de que o empresário Ulisses Jorge, CEO da UJ Football Talent, estaria envolvido em qualquer esquema ilegal”, afirmou o comunicado.

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A investigação revelou que, embora a entrada oficial dos empresários na sociedade do clube ainda não tenha sido formalizada, já há indícios de que as transferências de jogadores e outros negócios realizados pelo Fafe tenham como objetivo principal a lavagem de dinheiro, com envolvimento da facção criminosa.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, já havia alertado, em um evento realizado na cidade do Porto, sobre a crescente utilização de Portugal pelo PCC para fins de lavagem de dinheiro. Ele afirmou que o país europeu é visto como uma “porta de entrada” para a distribuição de drogas na Europa, devido à sua moeda forte, o euro, que oferece maiores lucros.

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Segundo um relatório divulgado em novembro de 2023 pelo Serviço de Informações de Segurança de Portugal, cerca de mil membros do PCC, originários do estado de São Paulo, estão vivendo e operando no país europeu, concentrando suas atividades criminosas especialmente na região da margem sul do rio Tejo. Essa área é estratégica no tráfico de drogas, com destaque para a cocaína que chega à Europa.

A expansão do PCC para além das fronteiras do Brasil evidencia uma crescente internacionalização do crime organizado, trazendo preocupações sobre a utilização de setores legítimos, como o esporte, para camuflar atividades ilícitas e fortalecer o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro. 

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