Um juiz chamou de “nazifascista” o presidente Jair Bolsonaro (PL), o ditador russo Vladmir Putin e o ex-presidente dos EUA Donald Trump e os apoiadores do chefe do Executivo brasileiro de “gado”.
As ofensas foram feitas em despacho de ontem (03) em que determinou a desobstrução de rodovias federais no Rio Grande do Sul (RS).
Após Lula (PT) vencer a eleição no domingo (30), manifestantes ocuparam estradas em todo o Brasil defendendo um golpe contra a posse do presidente eleito petista.
O juiz federal Carlos Felipe Komorowski mandou multar em R$ 10 mil, em uma das decisões, as pessoas físicas e em R$ 100 mil as empresas que desrespeitassem a decisão e mantivessem os bloqueios, multa que seria duplicada a cada hora de descumprimento.
Depois de conceder três liminares em favor da desobstrução, o juiz reforçou seu pedido ao mencionar a situação “desesperadora” do dia 2, “quando milhares de pessoas reuniram-se em frente a quartéis das forças armadas de diversas cidades bradando por uma, assim chamada, ‘intervenção federal’.”
Ao final do despacho, Komorowski decidiu registrar um “protesto”. “Não há vida plena na ditadura. Jamais houve e continua não havendo, independente do país, da religião, da etnia ou do viés político, se de direita ou de esquerda”, começou.
O juiz escreveu: “principalmente nos últimos 8 anos, 7 meses, e 12 dias, a democracia no Brasil foi negligenciada pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público, levando, diretamente, a esse estado de coisas”, afirmou sem citar a Lava Jato.
“Avançamos trinta e quatro anos [desde a Constituição de 1988] e líderes nazifascistas modernos têm ganhado apoio popular, por exemplo, Bolsonaro, Trump e Putin. Nazistas, porque espalham a morte com base na discriminação e fascistas, porque buscam a dominação de tudo e de todos”, disse Komorowski na decisão.
“Não entendo a adesão das pessoas a líderes desse nível”, continua. “O que explica o desejo pelo nazifascismo?”, completou o juiz.
Em sua decisão, Komorowski também faz um trocadilho com os eleitores de Bolsonaro, chamados de “gado” pelos opositores.
“O gosto de ser tocado feito gado é uma manifestação de masoquismo? – com a licença do gado vacum, já tão explorado e ainda tem seu nome e imagem associados a isso”, concluiu na decisão.