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Em entrevista à GloboNews, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, afirmou nesta quarta-feira (13) que o feminicídio “desconecta a pessoa da humanidade”. De acordo com a magistrada, os números desse crime contra as mulheres no Brasil não são “razoáveis”.
“Eu tive um professor de filosofia do direito que dizia que não temia os animais, porque ‘uma onça não desonça, uma zebra não dezebra’. E o ser humano se desumaniza. Ele se afasta da sua essência quando mata mulheres”, disse a ministra do STF.
“Não precisamos passar a história, pouco humana, tentando provar que nós somos não parecidas com os humanos. Nós somos, igualmente e dignamente, humanos. Nós todos, mulheres e homens, vivendo juntos e querendo criar uma sociedade na qual o bem de todos prevaleça”, prosseguiu Cármen Lúcia.
“A mortalidade de mulheres, o assassinato de mulheres, esta execução que vem crescendo em uma sociedade em que nós falamos sobre isso, clamamos contra isso. Não é razoável que essas endemias continuem a acontecer, com uma crueldade que é desumana”, disse a magistrada.
“O quadro é de atrocidades, é de desumanidade. E o direito se constrói com uma ideia de Justiça que é incompatível com isso. A família que tem uma filha assassinada, essas mães, esses pais, esses filhos, esses irmãos nunca mais vão ser o que foram antes dessa tragédia”, completou a ministra do Supremo.