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A Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou que o Judiciário brasileiro não pode intervir nas políticas públicas de apoio ao Rio Grande do Sul (RS) encampadas pelo Governo Lula (PT). O órgão pediu o arquivamento da ação que buscava obrigar a União a elaborar um programa de R$ 10 bilhões para ajudar o setor produtivo gaúcho, após as fortes chuvas e enchentes no RS.
Segundo a AGU, não se pode exigir do Judiciário, que não detém elementos e informações estratégicas, a definição da política pública a ser adotada. Quanto maior for o grau de tecnicidade da matéria, objeto de avaliação e decisão pelos órgãos técnicos e referendado pelos representantes eleitos do povo, mais contida deve ser a atuação judicial.
O órgão cita o princípio da separação dos poderes e diz que, em tempos de crise, é ainda mais importante respeitar a discricionariedade de cada esfera, sem que uma se sobreponha sobre a outra.
No documento, a AGU também afirma que não há omissão do governo federal e lista uma série de medidas já anunciadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o enfrentamento da catástrofe no RS, no total de R$ 62,5 bilhões.
Para a AGU, uma determinação judicial sobre quais medidas devem ser adotadas pelo governo federal em relação ao RS pode acabar atrapalhando as que já estão em andamento.
A ação ajuizada na Justiça Federal do RS busca obrigar o governo federal a estruturar, em até 30 dias, um plano de apoio financeiro às empresas e indústrias impactadas pelas enchentes.
O processo também pede que a União seja condenada a pagar mais R$ 5 bilhões por danos morais coletivos ao patrimônio ambiental, urbano e paisagístico do Estado, em razão de sua omissão quanto à prevenção de desastres climáticos.
Caso o pedido principal não seja deferido, o requerimento é para que a União subsidie a quitação de empréstimos feitos pelas empresas via Pronampe e Pronaf.
A ação é assinada pela Associação Brasileira de Liberdade Econômica (Able) e pelo Instituto de Direito e Economia do Rio Grande do Sul (Iders). No documento, as instituições apontam que a União tem ampla responsabilidade em situações de calamidade pública.
A reestruturação do estado, portanto, depende de uma resposta rápida do Poder Público em benefício das indústrias gaúchas, empresas comerciais, que durante décadas de investimento puderam desenvolver sofisticação econômica ímpar e, hoje, encontram sua própria existência ameaçada.
Sobre a AGU, institutos afirmam que as alegações da União buscam desesperadamente afastar sua responsabilidade através de afirmações que sabe — ou deveria saber — não corresponderem à realidade.