Meio Ambiente

Eventos climáticos extremos dobram no Brasil em três décadas, revela pesquisa

Foto: Reprodução/TV Brasil

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Os eventos climáticos extremos no Brasil mais que dobraram nos últimos 30 anos, aumentando de 9.772 entre 1993 e 2002 para 30.602 entre 2013 e 2022. Os eventos hidrológicos tiveram um aumento de 300% no mesmo período, totalizando 23 mil ocorrências de alagamentos, enxurradas e inundações. Os dados são de um estudo divulgado pela Federasul (Federação de Entidades Empresariais do RS) em parceria com a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

No total, foram registrados 61.280 eventos extremos nas últimas três décadas, classificados da seguinte forma:

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– Climatológicos: 30.765 ocorrências (estiagem, seca, incêndio florestal, onda de calor, baixa umidade e onda de frio);
– Meteorológicos: 5.819 ocorrências (granizo, vendavais, ciclones e tornados);
– Hidrológicos: 23.199 ocorrências (alagamentos, chuvas intensas, enxurradas, inundações e movimentação de massa/deslizamentos);
– Outros: 1.497 ocorrências (doenças infecciosas, erosão, colapso de barragem, entre outros).

O aumento da intensidade e frequência dos eventos extremos é apontado como consequência das mudanças climáticas, provocadas pela ação humana e pela emissão de gases de efeito estufa. As projeções mais recentes do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima) indicam que enchentes compostas e precipitações intensas são atribuídas à influência humana.

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De acordo com estudos de atribuição do World Weather Attribution, elaborados por uma rede internacional de cientistas, a mudança do clima foi o principal fator que potencializou a ocorrência de eventos extremos de chuvas. Entre os episódios analisados neste ano estão as ocorrências em Omã e Emirados Árabes Unidos, Filipinas e Irlanda. No extremo oposto, a mudança do clima também foi o principal fator da seca histórica na Amazônia em 2023, que atingiu um nível excepcional.

A região Nordeste registrou 38,73% dos eventos extremos nos últimos 30 anos, seguida pelo Sul com 27,89% e o Sudeste com 22,25%. As regiões Norte e Centro-Oeste juntas concentraram menos de 11% dos desastres naturais no período.

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O estudo revela que 5.134 dos 5.570 municípios brasileiros registraram algum evento climático nas últimas três décadas. Cerca de 80% dos desastres climáticos se concentraram em 45% das cidades.

Embora o Sul tenha registrado o segundo maior número total de eventos no Brasil, lidera em termos de prejuízos econômicos, representando 36,22% do total, cerca de R$ 181 bilhões em 30 anos. Esse valor equivale a 28,28% do PIB do Rio Grande do Sul em 2023, que totalizou R$ 640 bilhões.

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O Brasil bateu recorde de ocorrência de desastres hidrológicos e geohidrológicos em 2023, com 1.161 eventos, segundo um estudo produzido pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. O Rio Grande do Sul, que recebeu alertas, voltou a ser atingido neste ano por uma tragédia ambiental, que já matou 149 pessoas.

Do total de eventos, 716 são hidrológicos, como transbordamento de rios, e 445 são de origem geológica, a exemplo de deslizamentos de terra. As ocorrências seguiram o padrão de locais para onde foram enviados os alertas feitos pelo órgão, com concentração nas capitais e regiões metropolitanas. O mapa aponta que a maior parte está localizada na faixa leste do país.

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Em relação aos alertas de desastres, o órgão nacional emitiu um total de 3.425 avisos para os municípios monitorados no ano passado, sendo 1.813 hidrológicos e 1.612 geológicos. É o terceiro maior quantitativo de emissão de sinais de tragédias desde a criação do órgão, em 2011.

Ao todo, o Cemaden monitora, de forma ininterrupta, 1.038 municípios, que representam 18% das cidades do país e alcançam 55% da população nacional. A maior parte dos alertas foi enviada para regiões metropolitanas, ao Vale do Taquari (Rio Grande do Sul) e ao Vale do Itajaí (Santa Catarina). O município de Petrópolis, no Rio de Janeiro, lidera o ranking, tendo recebido 61 alertas, seguido de São Paulo (56) e Manaus (49).

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