Meio Ambiente

Pesquisadores alteram nomes de 200 plantas para remover termo considerado racista que é punível com prisão na África; entenda

Foto: Jeon Sang-O/Pixabay

Mais de 200 espécies de plantas tiveram seus nomes científicos alterados devido a referências a termos considerados racistas. Esta é a 1ª vez que mudanças nos nomes das plantas são motivadas por questões políticas e sociais, e não científicas.

Os nomes científicos das plantas são usados para identificá-las e, em geral, permanecem inalterados para preservar o histórico da espécie. No entanto, durante o Congresso Botânico Internacional realizado em Madri, os botânicos decidiram substituir o termo “caffra” por “affra” nos nomes das plantas originárias da África. Embora os pesquisadores tenham alegado que a mudança foi motivada por um “erro de grafia”, a situação é mais complexa.

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A palavra “caffra” tem origem no árabe, onde significa “descrente” e foi inicialmente usada para se referir a não muçulmanos antes de ser redirecionada para designar escravos africanos. No sul da África, o termo é considerado uma calúnia racial grave, punível até com prisão.

Com a mudança, que entrará em vigor a partir de 2026, a árvore coral da costa, anteriormente conhecida como Erythrina caffra, passará a se chamar Erythrina affra. Em geral, os nomes científicos só são modificados quando há inconsistências na pesquisa que determinou a origem da planta, exigindo uma nova denominação. Esta é a primeira vez que uma alteração é feita com base em questões sociais, e a proposta foi aprovada com uma votação de 351 a 205.

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Além das plantas, outros grupos científicos também estão reconsiderando nomes considerados ofensivos. Cientistas que estudam insetos abandonaram termos como “mariposas ciganas” e “formigas ciganas”, que são depreciativos para o povo cigano.

No reino animal, ainda há espécies nomeadas em homenagem a figuras como Adolf Hitler e Benito Mussolini, sem alterações em seus nomes.

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Criticos apontam que a mudança nos nomes das plantas é complexa, afetando centenas de espécies com um histórico estabelecido. Fred Barrie, botânico do Field Museum em Chicago e membro do comitê editorial do Código Internacional de Nomenclatura para Algas, Fungos e Plantas, alertou ao The New York Times que a mudança de milhares de nomes de espécies poderá se tornar “um pesadelo impraticável”.

Sergei Mosyakin, presidente da Sociedade Botânica Ucraniana, também comentou que há milhares de nomes de espécies de plantas que podem ser considerados ofensivos para alguns grupos, e a discussão pode estar apenas começando. Para prevenir futuros problemas, os cientistas decidiram criar um comitê de ética que revisará os nomes de novas espécies a partir de 2026, visando evitar termos potencialmente ofensivos.

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