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As tropas da Turquia invadiram na manhã deste sábado, 12, a cidade fronteiriça síria de Ras al-Ain, região estratégica comandada pelas forças curdas, que virou alvo de bombardeios turcos desde quarta-feira, quando os Estados Unidos anunciaram a retirada de tropas americanas do nordeste da Síria.
O ministro da Defesa da Turquia anunciou que suas tropas passaram a comandar parte da cidade. Caso consigam dominá-la por completo, as forças turcas passarão a controlar uma das duas principais estradas que conectam a maioria das cidades sob comando curdo, assim dificultando a movimentação de tropas e mantimentos curdos.
Apesar do anúncio e de imagens da TV turca que mostram membros de uma milícia síria sendo comandada pelos turcos, nas ruas praticamente abandonadas de Ras al-Ain, as forças curdas afirmaram que ainda estão presentes em outros pontos da cidade. As tropas turcas e seus aliados árabes trabalham também para tomar uma segunda cidade estratégia na Síria, Tel Abyad, 120 km ao oeste.
A Turquia foi alvo de novas represálias de aliados neste sábado. O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Mass, anunciou que o País iria parar de vender armamentos que poderiam ser utilizados pelos turcos no combate contra as tropas curdas na Síria, sem especificar quantidades ou tipo.
“No contexto da ofensiva militar turca no nordeste da Síria, o governo não entregará nenhuma nova permissão [de venda] para todos os equipamentos militares que possam ser usados pela Turquia na Síria”, disse Mass.
Na sexta-feira, o governo de Donald Trump já havia anunciado que o Tesouro americano teria a permissão para aplicar novas sanções econômicas à Turquia “quando necessário”, que poderiam “acabar com a economia turca”.
As rusgas entre o governo Trump e do presidente turco Recep Tayyip Erdogan se intensificaram após o Pentágono ter afirmado na sexta que tropas americanas que não foram retiradas da Síria e que se opuseram ao avanço turco terem desviado por pouco de ataques vindos da Turquia na cidade de Kobani, dominada pelos curdos.
O ministro da Defesa da Turquia confirmou o episódio, mas ressaltou que suas tropas tinham como alvo os combatentes curdos.
O conflito na região já levou ao deslocamento interno de ao menos 100 mil pessoas do nordeste para o sul da Síria, de acordo com estimativas da ONU.
*Com Estadão Conteúdo