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RFI – A Al Qaeda do Magreb Islâmico exortou seus seguidores nesta segunda-feira (2) a “matar qualquer um que insultasse o profeta Maomé” e ameaçou o presidente francês, Emmanuel Macron, por conta da polêmica envolvendo seus comentários sobre o Islã.
No mês passado, Macron defendeu a publicação de caricaturas retratando Maomé com base na liberdade de expressão, lançando uma campanha contra o radicalismo islâmico e gerando fúria em todo o mundo muçulmano. “Matar qualquer um que insulte o profeta é direito de todo e qualquer muçulmano”, disse o grupo jihadista em um comunicado.
O comentário de Macron veio após a decapitação do professor de história Samuel Paty, perto de uma escola da região parisiense, por um suposto jihadista, depois que Paty mostrou a seus alunos caricaturas de Maomé durante uma aula sobre liberdade de expressão.
As polêmicas caricaturas de Maomé também haviam sido publicadas novamente em setembro pelo semanário francês satírico Charlie Hebdo, para marcar o início do julgamento dos acusados do ataque terrorista que o jornal sofreu em janeiro de 2015, deixando 12 mortos.
Após a morte trágica de Paty, Macron prometeu defender a liberdade de expressão, mas o caso gerou críticas entre os muçulmanos em todo o mundo. Muitos países lançaram um boicote contra os produtos franceses. “O boicote é um dever, mas não é suficiente”, disse a Al Qaeda do Magreb Islâmico no comunicado.
A organização terrorista ameaçou vingar os comentários de Macron, descrevendo o presidente francês como “jovem e inexperiente, com um cérebro pequeno” e dizendo que ele “insistiu em ofender o profeta”.
Desenhos “não são manifestação do governo francês” contra o Islã, diz Macron
No sábado (31), o presidente Emmanuel Macron defendeu, em entrevista à rede árabe Al-Jazeera, que suas declarações sobre as caricaturas de Maomé foram deturpadas, já que “líderes políticos e religiosos” deram a entender que esses desenhos “não são uma manifestação do governo francês” contra o Islã.
“As reações do mundo muçulmano ocorreram devido a muitas mentiras e ao fato de que as pessoas entenderam que sou a favor dessas caricaturas”, disse o chefe de Estado francês. “Sou a favor de podermos escrever, pensar e desenhar livremente no meu país pois considero isso importante, representa um direito e as nossas liberdades”, acrescentou.
“A campanha contra os produtos franceses gerada pela polêmica é “indigna” e “inadmissível”, declarou ainda o presidente. A campanha, disse, “tem sido feita por alguns grupos privados porque não entenderam e se basearam em mentiras sobre as caricaturas, às vezes por parte de outros líderes. É inadmissível”, completou.
Mesquitas francesas condenam boicote e terrorismo
Três grandes mesquitas e federações muçulmanas reunidas em Paris nesta segunda-feira (2) condenaram “apelos injustificados para boicotar produtos franceses, terrorismo e todos aqueles que instrumentalizam o Islã para fins políticos”, em um comunicado conjunto assinado pelas grandes mesquitas de Paris, Lyon e Saint-Denis de La Réunion, bem como três federações muçulmanas.
“Há momentos em que devemos ser solidários com nosso país, que há várias semanas vem sofrendo ataques injustificados”, escrevem os signatários, lembrando ainda que “a lei francesa dá grande ênfase à liberdade de expressão e promulga os princípios de acreditar ou não acreditar “.
Alguns dos signatários fazem parte do Conselho Francês para o Culto Muçulmano (CFCM), principal interlocutor do poder público, mas esse texto não foi aprovado pela instituição. O presidente do Conselho, Mohammed Moussaoui foi, segundo eles, “convidado” a assiná-lo, mas garantiu não ter estado associado ao processo”.
O texto, que será divulgado online em francês, inglês e árabe, é uma quádrupla condenação. Primeiro, a “condenação de apelos injustificados para boicotar os produtos franceses”. Depois, a de” todos aqueles que instrumentalizam o Islã para fins políticos, diplomáticos ou mercantis para enganar nossos concidadãos e correligionários “.
Os signatários também denunciam “o terrorismo e toda forma de violência em nome de nossa religião”. Finalmente, eles se revoltam contra as “apelos para assassinatos lançados por responsáveis estrangeiros”. Além disso, pedem às autoridades francesas que tomem “medidas enérgicas para que a comunidade muçulmana da França não seja estigmatizada como os semeadores do ódio”.
(Com informações da AFP)