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RFI- Milhares de manifestantes antiaborto marcharam pelas ruas na Croácia neste sábado (29), enquanto defensores do direito ao aborto se preocupam com um possível endurecimento da legislação croata em relação aos direitos reprodutivos das mulheres no país.
Manifestantes da capital Zagreb agitavam bandeiras croatas e cantavam canções patrióticas, desfilando atrás de faixas como “Unborn Lives Matter, Too”” (vidas que ainda não nasceram também importam) numa referência de gosto duvidoso ao slogan “Black Lives Matter” , “Vidas negras importam”, imortalizado pela luta da comunidade negra nos Estados Unidos após o assassinato de George Floyd por um policial branco.
“É nosso dever defender a proteção de toda a vida humana, incluindo a de crianças em gestação”, disse Luka Hudincec, um dos organizadores do protesto.
Grupos de esquerda e feministas expressaram sua oposição ao protesto nas calçadas, vestindo aventais manchados de sangue e carregando cabides em alusão a abortos ilegais.
Esta foi a sexta edição do evento, que ocorre todos os anos. Em 2021, ele é realizado na véspera das eleições locais em Zagreb, onde um candidato que representa a esquerda e os ambientalistas é o favorito nas urnas contra um conservador.
“Esperamos que os políticos que nos representam a nível local e nacional respeitem o direito humano mais fundamental: o direito de viver”, disse um dos organizadores, que se apresentou como Stjepan.
Aborto legal
O aborto é legal até a décima semana de gravidez na Croácia, sob uma lei que data de 1978, quando o país fazia parte da Iugoslávia comunista. A lei permite que os médicos recusem a prática do aborto e, segundo estatísticas oficiais, 60% deles exercem esse direito.
O Tribunal Constitucional em 2017 ordenou que o parlamento preparasse uma nova legislação sobre o aborto, determinando que a lei existente estava desatualizada, alimentando o medo de restrições entre os defensores dos direitos reprodutivos das mulheres.
A questão do direito ao aborto divide a sociedade da Croácia, cujos 90% dos 4,2 milhões de habitantes são católicos.