O governador de Nova York, Andrew Cuomo, acusado de assédio sexual por pelo menos 11 mulheres, se apresentava com defensor dos direitos das mulheres e usou essa bandeira em campanhas eleitorais. A informação é do jornal americano The Washington Post.
Em 12 de agosto de 2019, democrata chegou a assinar uma lei que tornou mais fácil para as mulheres em seu estado obter vitória em denúncias de assédio sexual no trabalho, um problema que ele descreveu como uma “cultura contínua e persistente” de abuso que precisava mudar.
“Vamos homenagear todas as mulheres que sofreram essa dor e suportaram essa humilhação”, disse ele em um vídeo distribuído naquele dia por seu escritório. “Vamos homenagear as mulheres que tiveram a coragem de se apresentar e contar sua história.”
Segundo o veículo, no dia seguinte, de acordo com uma investigação estadual, ele perguntou a uma policial estadual que o levava a um evento: “Por que você não usa um vestido?”
Foi o primeiro de vários comentários de assédio ou atos físicos indesejáveis que o governador democrata cometeria no mês e meio subsequente, de acordo com um relatório de 165 páginas divulgado na terça-feira pela procuradora-geral de Nova York, Letitia James.
Cuomo supostamente tocou e “meio que” agarrou a área entre as nádegas e a coxa de um funcionário público ao ser fotografado após um discurso. Ele tocou as costas nuas de uma convidada do casamento durante outra oportunidade de foto e disse: “Uau, você é agressivo”, colocou as mãos em seu rosto e pediu para beijá-la quando a jovem se opôs. Ele passou a palma da mão esquerda pela barriga do mesmo policial estadual, disse o relatório, levando-a a dizer aos investigadores mais tarde que se sentiu “completamente violada por causa de mim, como se isso fosse entre meu peito e minhas partes íntimas”.
A enorme disparidade entre o compromisso publicamente declarado do governador de esquerda em erradicar o abuso e o assédio e seu suposto comportamento privado surgiu como um dos aspectos mais surpreendentes de um escândalo que parece estar no caminho certo para levar ao fim prematuro de seu governo. Um exame das descobertas do relatório em comparação com as declarações públicas contemporâneas de Cuomo revela um líder que parecia desvincular completamente seu comportamento pessoal de sua personalidade pública.
Cuomo nega as acusações, tenta dar um tom de normalidade aos gestos relatados como abusivos