RFI -A prefeita socialista de Paris, Anne Hidalgo, lançou sua candidatura às eleições presidenciais francesas de 2022 neste domingo (12), em Rouen, no norte do país. Diversos políticos de esquerda franceses já anunciaram que vão participar do pleito, que acontecerá dentro de sete meses.
Em seu discurso no cais do porto de Rouen, Hidalgo, prefeita da capital desde 2014, disse que buscará “construir uma França mais justa” e “reinventar o belo modelo francês”. A prefeita também declarou que está “consciente da gravidade da situação”, mas está “pronta” para o desafio. O local foi escolhido para ilustrar a reconversão industrial através da transição ecológica, que será um dos temas centrais de sua campanha. Essa também é uma maneira, segundo analistas políticos, de dar uma dimensão nacional à sua candidatura, que será naturalmente vinculada a Paris.
“Os cinco anos de mandato que terminam, deveriam ter unido os franceses, mas os dividiu mais do que nunca. Deveriam ter resolvido os problemas sociais, que acabaram piorando. Deveriam ter protegido nosso planeta, mas deram as costas para a Ecologia”, disse a candidata, criticando o mandato do presidente francês Emmanuel Macron. “Devemos reinventar nosso belo modelo francês, fragilizado por múltiplas crises sanitárias e climáticas”, declarou a candidata, afirmando que reestabelecerá o “respeito” e a “unidade do país.”
Herança de esquerda
“Quero fazer tudo para reestabelecer o desejo do diálogo e do debate, para construir uma França mais justa, mais forte, mais segura”, afirmou, se dizendo herdeira de grandes nomes da esquerda francesa, como o ex-presidente François Miterrand, que “nos transmitiu o gosto pela liberdade, pelo compromisso e o desejo da união.” Desde a eleição de Macron, que sucedeu o socialista François Hollande, o PS francês caiu em decadência, com perda de influência e falta de coesão.
O anúncio de Hidalgo não é surpreendente e ocorre após meses de muitas viagens feitas pela prefeita, que buscou encontrar o “tom correto” para falar com o país. O lançamento de sua candidatura aconteceu quase simultaneamente à de Marine Le Pen, que representará o partido de extrema direita Reunião Nacional.
“Futuro de nossas crianças”
“Quero que todas as crianças da França tenham a mesma sorte que eu tive”, continuou a prefeita, que nasceu na Espanha e obteve a nacionalidade francesa aos 14 anos. Ela declarou que quer colocar um fim no “desprezo, arrogância e desdém e condescendência daqueles que conhecem mal nossa vida mas decidem tudo, sobre tudo, o tempo todo, sem a gente”, acrescentou.
De acordo com as pesquisas, a prefeita de Paris, teria entre 7 e 9% dos votos. Nos próximos dias, ela lançará o livro “Uma mulher francesa”, onde desenvolve algumas das prioridades de seu programa de governo: a transição ecológica e a diminuição das desigualdades, para que “as pessoas possam viver melhor de seu trabalho na França.”
Em março de 2020, a prefeita recebeu o ex-presidente Lula, a quem concedeu o título de cidadão honorário de Paris.